São Paulo estuda reabrir córregos
2006-04-17
O hoje canalizado e enterrado Córrego Itororó pode ressurgir na superfície
do canteiro central da Avenida 23 de Maio, entre os viadutos Paraíso e
Brigadeiro Luís Antonio, em São Paulo.
Nesse trecho, de três quilômetros, correrá entre pequenos reservatórios
com seixos, tratamento paisagístico e quedas de água, que se encherão em
dias de chuva, para conter a velocidade da água e evitar inundações no Rio
Anhangabaú, no vale de mesmo nome, no Centro.
É só uma parte de um intrincado conjunto de interferências que a Secretaria
Municipal do Verde e Meio Ambiente estuda para oferecer alternativa à
construção dos dois piscinões subterrâneos nas Praças da Bandeira e 14 Bis,
que ela rejeitou em janeiro. A proposta, ainda em desenvolvimento, é
fazer a "renaturalização" (reabertura e revitalização) de córregos - em
princípio nas Bacias do Rio Anhangabaú, no Centro, e do Riacho do
Ipiranga, Zona Sul, e depois em toda a cidade.
- A intenção é o controle de enchentes, mas com a recomposição do
ecossistema, criando um meio ambiente amigávell. É preciso mudar a prática
de canalizar e retificar os córregos - disse o gerente de água e
Saneamento da secretaria, Gilmar Altamirano.
Segundo o autor do projeto, engenheiro Sadalla Domingos, as primeiras
renaturalizações não prevêem desapropriações e custariam bem menos do que
os R$ 105 milhões previstos para os piscinões.
O consultor de recursos hídricos e pesquisador convidado da USP Luiz
Fernando Orsini Yazaki disse que a renaturalização de rios e córregos é
tendência nos países desenvolvidos, em especial da Europa, mas em São
Paulo é uma solução radical.
- Há situações em que estão completamente escondidos e é uma oportunidade
de trazê-los de volta para a cidade. Mas tem de haver uma garantia de que
não vão ser um lixão - alertou.
Para o especialista, o projeto tem de prever saneamento total da bacia.
(ZH, 17/04/06)