Recuperação de mata afasta desertificação em SC
2006-04-17
A estiagem que Santa Catarina enfrentou nos últimos verões, a perspectiva de um outono e inverno secos, associados às agressões ambientais como destruição das matas ciliares e do cultivo errado do solo, poderiam nos levar a um panorama pessimista sobre a qualidade do solo catarinense nos próximos anos e até quem sabe uma situação como a que vem ocorrendo no Rio Grande do Sul: a desertificação. Mas segundo especialistas no assunto, esse é um fantasma que os catarinenses podem descartar.
A característica de solo arenoso, associado com o seu uso intensivo, contribuiu para a desertificação no Estado vizinho. Em contrapartida, em Santa Catarina, o solo tem características basáltica da Serra para o Oeste e granítica no Litoral. "Para a agricultura é um solo muito bom, não tem característica arenosa e nem pisoteio de animais, como ocorre no Rio Grande do Sul. E ainda temos percebido que existe um processo de recuperação das matas. A fase mais difícil passou. Fazemos levantamento desde 1979, e as imagens de 2005 mostram incremento da mata", explica o engenheiro agrônomo do departamento de zoneamento e monitoramento ambiental da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Sérgio Luiz Zampieri. Ele acrescenta que nas áreas onde houve degradação da mata está crescendo uma capoeira leve que está reconstituindo o ambiente. Mas, se olhar para a questão da mata ciliar, afirma que o processo é um pouco mais lento.
Um dos problemas que merece atenção de agricultores e agrônomos é a erosão, principalmente na região de Campos Novos, no Meio-oeste catarinense. Para evitar a erosão, a Epagri vem trabalhando a conscientização dos agricultores, que hoje utilizam técnicas de plantio com cobertura de solo. Para evitar o empobrecimento da terra, a rotação de cultura e a adubação verde são as opções ao alcance do produtor rural. "Você sempre deixa o solo com alguma cultura", explica Zampieri.
O cultivo mínimo é outra técnica implantada em Santa Catarina. "Ela funciona assim, no inverno por exemplo, você planta um tipo de cultura. No verão, quando ele for preparar a terra, ele só remove o solo na linha em que vai a semente, assim o risco de ter erosão é mínimo. Os trabalhos de fertilidade, plantio mínimo e uso racional do solo estão sendo realizados pelos pesquisadores da Epagri em Chapecó.
(A Notícia, 15/04/06)