Ibama trata biólogo como bandido
2006-04-17
O biólogo André Ravetta foi preso na semana passada sob a acusação de
tráfico de animais. Ele levava para Belém cem espécimes empalhados. O
caso deveria ser um exemplo da eficiência do Ibama, que prendeu o
pesquisador. Mas o biólogo levava as amostras para um órgão do governo.
Ravetta contou ao repórter Leonardo Coutinho que foi tratado como
bandido pelo Ibama.
Veja – O Sr é traficante de animais?
Ravetta – Não. Sou biólogo e levava o material para um órgão do governo,
o Museu Goeldi, em Belém. Apesar disso, fui preso, fichado, multado em
R$ 51.500 e exposto como bandido à imprensa.
Veja – Como isso aconteceu?
Ravetta – Eu deveria ter levado os animais para o Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia, emManaus, e só depois para o Goeldi. Eu me
enrolei com a burocracia e acabei humilhado publicamente.
Veja – Que erro o Sr cometeu?
Ravetta – O Ibama do Amazonas me autorizou a capturar e empalhar os
bichos e levá-los até Manaus. Eu não sabia que precisava de mais uma
autorização para levá-los ao outro órgão federal em Belém.
Veja – Esses institutos de pesquisa não intercederam em seu favor?
Ravetta – Eles atestaram a minha idoneidade e a do material apreendido.
Mas o Ibama ignorou isso, me tratou como bandido e pode destruir as
amostras, que estão armazenadas de forma incorreta.
(VEJA, 19/04/06,
p. 38)