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2006-04-16
A restauração de dezenas de milhares de áreas úmidas que foram perdidos ou degradados pode ajudar significativamente na redução da ameaça de pandemia de gripe aviária, aponta novo relatório. A perda de áreas úmidas em todo o mundo força muitas aves selvagens a procurarem locais altenativos como lagos em fazendas e plantações de arroz, o que as leva ao contato direto com galinhas, patos, gansos e outras aves domésticas.

Acredita-se que o contato direto com pássaros selvagens e espécies aviárias é a maior causa por trás da disseminação da influenza aviária. Também seria prudente retirar áreas de criação de aves comésticas das rotas aéreas de aves migratórias. "Operações intensas de aves domésticas por perto das rotas de aves migratórias são incompatíveis com a proteção necessária dos ecossistemas dos quais as aves dependem. Essas operações também aumentam o risco de transferência de patogenias entre aves selvagens e as domésticas", diz o estudo.

O relatório foi requisitado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o PNUMA, a uma equipe liderada pelo acadêmico canadense Dr. David Rapport. O foco do relatório está nos fatores ambientais que servem de base ao ressurgimento de antigas doenças, fatores esses que também estão possivelmente causando o aparecimento de novas como a influenza de alto grau de patogenicidade ou H5N1.

As descobertas preliminares do relatório, lançado num seminário científico sobre influenza aviária que aconteceu na sede do PNUMA em Nairóbi, conclui que recorrentes "esforços heróicos" que focam o "isolamento, quarentena, destruição dos mais fracos e medicações" são muito possivelmente soluções paliativas que trazem benefícios de curto e limitado prazo. O estudo recomenda que governos, as Nações Unidas e especialistas em saúde pública apoiem medidas ambientais para lutar contra a disseminação de doenças como o H5N1 em médio e longo prazo. Outras sugestões provavelmente mais polêmicas, que têm como objetivo reduzir o contato entre aves selvagens e domésticas, incluem a mudança de animais domésticos para longe de humanos e outros mamíferos como, por exemplo, porcos.

O relatório reconhece que em algumas partes do mundo, como o sudeste da Ásia, a separação de aves domésticas das pessoas vai de encontro com práticas e tradições culturais de gerações. "Por mais difícil que isso possa parecer, no que concerne o interesse em prevenir pandemias futuras com possíveis efeitos globais catastróficos, essa medida pode e deve ser tomada", argumenta o Dr Rapport, Professor Honorário do Programa de Saúde de Ecossistemas da Faculdade de Medicina da Universidade de Western Ontario, e membro da firma EcoHealth Consultoria da ilha de Salt Spring, de British Columbia, no Canadá.

Shafqat Kakakhel, Vice-Diretor Executivo do PNUMA e Oficial Responsável, disse: "Essas descobertas que provocam reflexão precisam ser apreciadas em detalhe por todos aqueles envolvidos em combater ameaças de pandemias presentes e futuras. Contudo, o que essa pesquisa destaca não é um tópico marginal, mas um importante componente das políticas de saúde pública especialmente num mundo globalizado".

Kakakhel disse: "Existem inúmeras razões de urgência para a conservação e restauração de ecossistemas degragados como pântanos". Os serviços prestados pelas áreas úmidas à humanidade são vitais e de grande importância econômica. Áreas úmidas são estoques naturais de água, filtros de poluição, ajudam a prevenir enchentes e são lar para inúmeras espécies inclusive de peixes. O seminário de dois dias sobre gripe aviária, organizado pelo PNUMA, a Convenção sobre Espécies Migratórias (CMS, sigla em inglês) e o Acordo sobre Aves Aquáticas da África e Eurásia (AEWA, sigla em inglês), promoveu o encontro de especialistas de todo o mundo.

O seminário amplia o trabalho da Força-Tarefa científica internacional sobre influenza aviária estabelecida pela CMS em agosto passado a qual engloba hoje especialistas de 13 Coorporações da ONU, oraganizações de tratados e organizações não-governamentais. Ele foi precedido no domingo pelo primeiro Dia Mundial de Aves Migratórias, no qual as principais comemorações foram organizadas pelo autor internacionalmente reconhecido Kuki Gallman e o Consórcio do Great Rift Valley no Conservatório Laikipia, no Quênia.

O relatório também vem em resposta a um workshop de especialistas na área que aconteceu em Curitiba, Paraná, organizada pela Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8). Os especialistas reunidos no Brasil concluiram que uma gama ainda maior do que se supunha de espécies raras e ameaçadas podem ser afetadas pela gripe aviária de alta patogenicidade. Entre as espécies estão, grandes felinos como leopardos e tigres, felinos menores como almiscareiros e outros mamíferos como martas, doninhas, texugos e lontras.

O workshop da COP8 também concluiu que mais de 80 % das espécies de aves conhecidas, incluindo migratórias e não-migratórias, podem estar ameaçadas. Neste sentido, espécies das famílias de corvos e abutres são as merecedoras de preocupação especial. Sacrificar as aves, especialmente em países em desenvolvimento em que frango é uma importante fonte de proteína, pode levar a população local a procurar alternativas alimentares por meio da caça de animais silvestres raros.

Isso pode causar uma nova e inaceitável pressão em diversos animais nativos desde porcos-do-mato até espécies ameaçadas como chimpanzés, gorilas e outros primatas. Os especialistas da COP8 também expressaram preocupação com o desenvolvimento de uma homogenidade genética em aves domésticas argumentando que o fato causa baixa imunidade em aves domésticas.

No final de 2005, mais de 120 governos endossaram as resoluções num encontro de três tratados chave para a vida selvagem – AEWA, CMS e a Convenção Ramsar sobre Áreas Úmidas – os quais recomendam um aumento da biossegurança em fazendas; melhorar a vigilância global e a pesquisa sobre gripe aviária; desenvolver sistemas de alerta preventivo e evitar ineficientes e contra-produtivas medidas paliativas como sacrifício de aves migratórias ou a destruição de habitats de áreas úmidas.

Brasil
O Brasil é rota de aves migratórias vindas do Canadá, por isso o risco de que a gripe aviária chegue ao país só existe se essas aves forem contaminadas antes de chegarem ao Brasil. Em relação às áreas úmidas, o Brasil apresenta em seu território a maior área úmida continental do Planeta, o Pantanal. A importância mencionada no estudo cabe ao Pantanal, uma região de grande reserva de água doce e lar de inúmeras espécies endêmicas de fauna e flora.
(Envolverde, 13/04/06)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=16241

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