Moradores reclamam do abastecimento de água em Pelotas
2006-04-17
O rompimento de uma adutora que abastece o bairro Jardim América, no Capão do Leão, foi a gota d água para complicar as relações da comunidade com a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), que está descontente com os serviços prestados no município. Desde as 16h de quarta-feira e pelo menos até a metade da tarde desta quinta-feira, a água que saía das torneiras tinha coloração escura, em diversos pontos do bairro. Quando decantada, no fundo do recipiente ficava um pó escuro, provavelmente barro retido nos canos.
A responsável pelo escritório da companhia no município, Rosimere Victória, garantiu que a situação voltou a se normalizar no final da tarde e que percorreu, pessoalmente, alguns pontos do bairro e constatou que a água voltou à sua coloração normal. Segundo ela, tudo foi feito para que o abastecimento à comunidade não ficasse comprometido, com o conserto e a realização de vários expurgos em alguns pontos para eliminar os resíduos retidos nos canos. “Infelizmente não se consegue agradar todo mundo. Alguns entenderam, outros não”, disse.
Mas a fé da população na companhia está abalada e eles querem que o município assuma os serviços de saneamento e abastecimento de água. Uma comissão, integrada por moradores do bairro Jardim América e alguns vereadores, Luiz Fernando da Silva, presidente da Câmara, Marco Aurélio Gomes, Jorge Salazar, Jara da Silveira e Mauro Nolasco, estiveram no Diário Popular, nesta quinta-feira, portando amostras de água coletadas em diversos pontos do bairro.
Eles alegam que a Corsan está presente no município há 22 anos e que o contrato, com duração de 20 anos, expirou no dia 14 de março de 2004 e não houve posicionamento por nenhuma das partes, município e companhia, pela continuidade ou término da prestação de serviços.
“Teoricamente, o contrato ficou prorrogado e a comunidade não aceita isso”, dizem os vereadores. Outra reclamação se refere à captação da água, realizada do arroio Padre Doutor.
“O município tem hoje 27 mil habitantes e a captação é feita no mesmo local de quando a população era de sete mil pessoas.”
Eles pretendem realizar ato público no dia 26 deste mês, às 14h, em frente à Corsan, quando irão pedir a melhoria dos serviços prestados. Eles querem ainda, a realização de uma audiência pública na Câmara para discutir uma minuta de contrato, que deverá ter a aprovação da comunidade. Eles pretendem mobilizar ainda, a Secretaria de Saúde para realizar a análise da água coletada na quinta-feira e também o Ministério Público.
O secretário de administração do município, Cláudio Silva, destaca que a prefeitura não tem condições de assumir o serviço de abastecimento e saneamento de água do município e que uma outra solução é estudada, mas não há uma alternativa imediata para o problema. Silva explica que em seguida ao vencimento do contrato foi redigida uma minuta de contrato pela municipalidade e entregue em mãos ao vice-presidente da Corsan.
As condições, no entanto, não foram aceitas pela cúpula da companhia, que estabeleceu novas condições, também não aceitas pela prefeitura. Ele reconhece o descontentamento da população e inclusive da prefeitura com os serviços prestados pela Corsan, mas admite que não há uma solução a curto prazo.
(Diário Popular, 14/04/06)