Pesquisa aprofunda conhecimento sobre algas cianobactérias
2006-04-13
Há dois anos, o Programa de Pesquisas em Saneamento Básico (Prosab) reúne
cerca de cem especialistas de sete universidades do País que buscam ampliar o
conhecimento sobre a floração das algas conhecidas como cianobactérias em
mananciais de água. Nesse período, foram investidos R$ 4 milhões nos estudos.
Doutor em Engenharia Sanitária e Ambiental, Luiz Fernando Cybis é diretor do
Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Ufrgs que integra o Prosab. O
programa foi estendido por mais dois anos e terá novos investimentos de R$ 10
milhões. O também presidente do Comitê da Bacia Hidrográfia do Lago Guaíba
participou ontem (12/04) da pré-conferência de Saneamento Ambiental promovida
pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) da Capital.
Jornal do Comércio - Qual o objetivo do Prosab?
Luiz Fernando Cybis - Surgiu para reunir as pesquisas de saneamento, pois o
problema das cianobactérias não é só nosso. Em São Paulo existe há 20 anos. Em
Porto Alegre, no Lago Guaíba, começou há cinco anos e há três se intensificou.
No Brasil, há uma invasão dessas algas nos grandes centros urbanos em direção
à periferia. Tem a ver com o crescimento da população e da quantidade do
esgoto.
JC- Como está sendo feita a pesquisa?
Cybis - A nossa parte tem como tópico o tratamento de águas contaminadas por
cianobactérias. A estação de tratamento convencional não consegue remover todas
as substâncias que causam gosto e odor na água. Esse será o foco que não foi
visto na primeira etapa da pesquisa. Estamos tentando uma parceria com o Dmae,
pois é preciso aumentar a conversa com as companhias de saneamento.
JC - Que ações podem ser realizadas?
Cybis - São as mesmas para tentar controlar as cianobactérias nos mananciais.
Na parte de tratamento, é um pouco diferente. Só carvão ativado em pó é
inviável para eliminar odor e gosto, embora o Dmae faça o que tem que fazer.
Consegue resolver a potabilidade da água em relação às toxinas - segundo
mostram as análises - mas o problema continua. Tem que haver o controle do
esgoto. Nós só tratamos 27% na Capital. Tem que aumentar, junto com o nível
do tratamento para remover nutrientes. O Programa Socioambiental vai levar a
cobertura de tratamento de esgoto para mais de 70%. É um avanço, mas seria
maior se as novas estações de tratamento forem atualizadas para fazer a
remoção dos nutrientes. Isso custa mais caro.
(JC, 13/04/06)