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2006-04-13
Dunas de areia laranjada no meio do Cerrado. Cachoeiras e rios cristalinos.Grutas. Piscina natural com água borbulhante, cuja pressão impede qualquer mergulho. Chapada, praias de água doce, canyon e serras. As opções no Parque Estadual do Jalapão, no leste de Tocantins, parecem não ter fim. Nos últimos anos, esse tem sido um dos destinos preferidos dos adeptos do ecoturismo no Brasil.

O parque, que ganhou o nome de erva, jalapa-do-brasil, usada para se fazer remédio ou aguardente, é um dos alvos da primeira fase do Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo da Amazônia Legal (Proecotur), desenvolvido pelos ministérios do Meio Ambiente e Turismo com recursos do BID. O resultado foi a construção de uma pista de pouso em Mateiros, uma das portas de entrada do Jalapão, que encurta em cerca de 30 minutos o tempo de percurso entre Palmas e o Jalapão, distantes aproximadamente 260 km.

O programa também permitiu a construção de uma sede administrativa no parque, alojamento para funcionários, instalação de rede de energia elétrica e sistema de abastecimento de água. Mateiros ainda recebeu um centro de atendimento ao turista e de recepção de visitantes. Esse é só o começo de uma estrutura que deve potencializar a capacidade turística da região, que tem uma das densidades demográficas mais baixas do país, próxima de dois habitantes por quilômetro. A segunda fase do Proecotur já foi lançada pelos dois ministérios, em parceria com o governo do estado, e deve representar novas melhorias de apoio para o turista que escolhe o Jalapão.

A temperatura é alta, a média fica cima dos 30º. As estradas exigem carro 4X4.Expedições de até três dias de rafting no Rio Novo permitem ao visitante conhecer boa parte do parque, que ainda tem como principais atrações a gruta de Suçuapara, as dunas de até 40 metros de altura, o Fervedouro (a piscina natural borbulhante), a Pedra Furada e as cachoeiras do Lajeado, do Brejo da Cama, da Velha, da Formiga e da Fumaça.

É em julho, quando a região passa pelo período da seca, que o Jalapão atrai mais visitantes. As chuvas ocorrem entre outubro e abril. De outubro a novembro é a época em que os habitantes locais colhem o capim dourado, matéria-prima de peças artesanais que vem ganhando o mercado nacional e internacional. Essa é uma das principais fontes de renda de comunidades como Mumbuca, um povoado com cerca de 80 habitantes, próximo a Mateiros, onde quase todos são parentes. É ali que vive Guilhermina Matos da Silva, a dona Miúda, de 77 anos, matriarca de uma família de 11 filhos e com tantos netos e sobrinhos que ela nem consegue contar.

"Ajudei o governo, ajudei o estado e vou ajudar mais, ensinando os outros a fazer o trabalho com capim dourado", disse dona Miúda, ao receber a visita da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, nesta terça-feira (11). Ela abriu as portas da casa humilde, de material e com quatro cômodos, a melhor no povoado, para representantes do governo federal e autoridades locais. "Quando a gente tá sozinha, parece que a casa é grande. Quando chega gente, parece pequena", brincou. Dona Miúda aprendeu a fazer cestas e chapéus com os avós, que vieram do Amazonas. "Quando eles chegaram aqui só tinha índio", contou.

Ela é uma das principais responsáveis por ter feito o conhecimento tradicional da região sobreviver. Aos poucos, os artesãos passaram a sofisticar mais os produtos. Na última semana (de 3 a 8 de abril), cerca de 50 deles participaram de um curso de capacitação promovido pelo governo do estado para agregar valor às peças de capim dourado, uma das atrações da exposição feita em Paris, em 2005, ano do Brasil na França. Em Mumbuca, na Associação Artesã e Extrativista de Capim Dourado, o visitante encontra bolsas por R$ 30, 00 e vasos de R$ 60,00.

Segundo o prefeito de Mateiros, Gumercino Oliveira da Silva, há famílias que conseguem arrecadar até dois salários mínimos com a produção artesanal. A comunidade é pobre e, além do trabalho com capim dourado, pratica agricultura subsistência.

O Jalapão foi transformado em parque estadual em 2001. Sua extensão é de 34Km², área equivalente ao estado de Sergipe, e compreende os municípios de Ponte Alta do Tocantins, São Félix do Jalapão, Novo Acordo, Santa Tereza do Tocantins, Lagoa do Tocantins, além de Mateiros.

É nessa região que nascem afluentes de rios importantes, como o São Francisco. No parque é possível encontrar veados-campeiros, tamanduás-bandeiras, antas, capivaras, lobos-guarás, raposas, gambás, macacos, jacarés e onças, além de cobras (sucuris, cascavéis e jibóias). Entre as aves, destacam-se tucanos, papagaios, araras-azuis, siriemas e emas.
(MMA, 12/04/06)

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