Rússia e UE condenam anúncio iraniano sobre programa nuclear
2006-04-12
A Rússia e a União Européia (UE) condenaram na quarta-feira (12/04) o anúncio iraniano sobre o "sucesso" de suas atividades de enriquecimento de urânio, feito na terça pelo presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. O líder do Irã desafiou o Conselho de Segurança (CS) da ONU e a comunidade internacional ao dizer, em discurso na TV, que seu país realizou intensas atividades de enriquecimento de urânio -- apesar da exigência da ONU para que elas sejam suspensas.
"O Irã se integrou aos países nucleares", afirmou o ultraconservador Ahmadinejad na noite de ontem, acrescentando que os países ocidentais devem "reconhecer e respeitar" o direito do Irã. A UE expressou sua "preocupação" com as declarações de Ahmadinejad. "Isso é lamentável", afirmou Emma Udwin, porta-voz da Comissão Européia. "Procuramos uma solução diplomática, mas tais declarações não ajudam". O ministro das relações exteriores russo, Sergei Lavrov, disse que o uso da força não seria a solução para a questão do Irã, mas não reiterou a oposição à adoção de sanções.
"Isolamento"
O vice-porta-voz do governo alemão, Thomas Steg, disse hoje que, com as declarações, o Irã mostrou que "não está disposto a abandonar o caminho rumo ao isolamento internacional" Segundo Steg, a Alemanha --que "participa ativamente" da busca de uma solução diplomática para o conflito-- "tomou nota dessa informação" e colaborará com os próximos relatórios da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Steg lembrou ainda que o diretor da AIEA, Mohamed El Baradei, viajará nesta quinta-feira a Teerã e que, depois da visita, apresentará um relatório. O porta-voz disse que, para Berlim, a proposta de Moscou de ter em seu território uma central de processamento de urânio russo-iraniano continua sendo "um elemento importante" na busca de uma "possível solução".
"Especulação"
As declarações agravam as tensões nas relações do Irã com os Estados Unidos e com os países ocidentais, que e dizem convencidos que o país pretende construir armas nucleares. Após o anúncio, os EUA afirmaram que, se o Irã continuar a seguir "na direção errada", novas medidas deverão ser discutidas com o Conselho de Segurança, que poderá adotar sanções. No entanto, o presidente americano, George W. Bush, afirmou nesta semana que a possibilidade de uma ação militar contra o Irã era "especulação".
(Folha Online, 12/04/06)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u94741.shtml