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2006-04-12
O diretor-presidente da Aracruz Celulose e presidente da Associação Brasileira de Florestas Plantadas – Abraf, Carlos Aguiar analisa nesta entrevista o conflito gerado pela construção de duas plantas de celulose no rio Uruguai, as invasões ao laboratório da Aracruz no Rio Grande do Sul e questões ambientais relacionadas à indústria de celulose. Aguiar participou da abertura da 6ª Conferência Internacional sobre o Destino e os Efeitos dos Efluentes de Fábricas de Celulose e Papel e do 8º Simpósio da IWA (International Water Association) em Efluentes da Indústria Florestal, em Vitória, no Espírito Santo, realizada no último domingo (09/04), e concedeu a entrevista a seguir ao portal celuloseonline e ABTCP.

Que avaliação o senhor faz sobre os temas que estão sendo discutidos no Vitória 2006?

Carlos Aguiar - A indústria de celulose em geral é bastante conhecida no mundo por apresentar um impacto ambiental importante, mas, ao mesmo tempo, é um dos setores industriais que mais tem investido em desenvolvimento para solucionar questões que possam afetar o meio ambiente. E tem solucionado. O Vitória 2006, por ser um evento de nível internacional, tem uma grande importância nesse sentido. O que for apresentado como novidade em relação às tecnologias existentes será muito bem vindo. É importante também que as indústrias lá fora, nossos colegas do exterior, possam conhecer o que se faz no Brasil. A indústria nacional de celulose é uma das mais responsáveis ambientalmente e também é uma das que menos necessita de novos investimentos, por já ter adotado já todas as tecnologias disponíveis e as mais modernas. Acredito que os temas que serão discutidos, tanto na conferência quanto no simpósio sobre os efeitos dos efluentes das plantas de celulose, podem trazer novidades e ao mesmo tempo nivelar conhecimentos mostrando também para os colegas do exterior o padrão elevado que as indústrias brasileiras possuem.

As indústrias brasileiras de celulose têm mais a ensinar ou a aprender com os estrangeiros?

CA - Eu diria que é um caminho de mão dupla, mas, como a indústria brasileira de celulose é mais nova, está mais modernizada. A maioria das plantas nacionais adotou as técnicas mais modernas disponíveis, além das melhores práticas ambientais. Diferente, por exemplo, das indústrias da América do Norte, onde seria preciso investir milhões de dólares para que se fizesse a adaptação às novas tecnologias. Isso não é viável por conta do baixo desempenho que as indústrias de lá têm apresentado nos últimos anos.

Como a Aracruz se posiciona em relação ao controle ambiental das suas unidades? CA - A Aracruz dispõe do que há de mais moderno em controle ambiental, tanto na unidade do Espírito Santo, quanto em Guaíba. A fábrica de Guaíba talvez seja uma das duas ou três unidades do mundo que possui remoção de cor em função da situação local. Nossas plantas não utilizam cloro elementar. O processo utiliza o sistema ECF (Livre de Cloro Elementar). Além disso, as unidades possuem o que há de mais moderno em tecnologia para controle de odores, de queima de gazes. Creio também que a maioria das empresas brasileiras do setor de celulose também disponha desse tipo de controle.

Algumas plantas no mundo utilizam o sistema totalmente livre de cloro TCF. E essa é uma reivindicação constante de grupos ambientalistas para a construção de novas fábricas. Qual sua opinião sobre esse sistema? CA - O mundo inteiro vem adotando o sistema de branqueamento ECF. Algumas plantas, que são exceções, utilizam o TCF (Totalmente Livre de Cloro), sistema que a Aracruz também tem condições de utilizar. Porém já está comprovado que o TCF é um sistema mais caro e com processo menos eficiente em relação à qualidade. Do ponto de vista ambiental, o TCF não acresce praticamente nada.

A que o senhor atribui o conflito entre Argentina e Uruguai em relação às plantas da Botnia e Ence que estão sendo contruídas no rio Uruguai.

CA - Acho que o conflito entre Uruguai e Argentina em torno das indústrias de celulose, no meu modo de ver, é mais político do que ambiental. Já é conhecido que, numa fábrica de celulose, todas as questões referentes a branqueamento e efluentes, estão muito bem resolvidas. Portanto não haveria motivo para não funcionar lá também. Essa questão, por exemplo, já está bem clara no Brasil, na Finlândia, na Suécia, nos Estados Unidos e no Canadá. No Chile, as discussões estão nos âmbitos político e ambiental. São questões que todo mundo conhece e que serão resolvidas em breve. É apenas uma questão de tempo, com a realização de algum tipo de melhoria. No Brasil, eu diria que o uso de tecnologias para fabricação de celulose já estão bem definidas e os problemas solucionados. Talvez aqui no Brasil, o foco seja maior em florestas e não na fábrica.

O senhor se refere à recente invasão de camponesas ao laboratório da Aracruz no Rio Grande do Sul. O que o senhor acha que vai acontecer com os responsáveis por essa ação?

CA - Bem, primeiro eu gostaria de dizer que a atitude de se fazer invadir e promover a destruição de um centro de pesquisa é uma atitude rústica demais, vai contra o conhecimento e assusta a sociedade. O fato de dezenas de pessoas terem sido indiciadas é normal. A sociedade gaúcha cobrou muito isso. Todo mundo ficou muito incomodado com aquela invasão, uma atitude anti-democrática, algo realmente bastante complicado. Acho que o inquérito policial vai terminar com o indiciamento de ainda mais pessoas. Isso é um fato importante porque a sociedade não quer mais impunidade. Chega de pizza nesse País. Chega de impunidade.

De que forma a Aracruz está se precavendo para evitar novas invasões? CA - É difícil monitorar completamente as áreas de florestas, para evitar invasões. São áreas muito grandes. No Rio Grande do Sul, a região florestal invadida fica muito distante da cidade, com acesso por estrada de terra. Daí você pode ver como a ação foi muito bem planejada. É claro que a Aracruz gostaria de dificultar invasões desse tipo para proteger melhor nosso material genético. Mas eu acho que o mais importante é que a sociedade acordou para isso e não aceita mais esse tipo de comportamento. Na medida em que a sociedade se manifesta, novas ações desse tipo são dificultadas.

Como o senhor avalia a reação do Governo Federal em relação à série de invasões promovidas pelo MST?

CA - Olha, nós tivemos muito pouca reação do governo em relação ao episódio da invasão à Aracruz, até o momento. Apenas um ministro (da Justiça, Márcio Thomaz Bastos) se manifestou repudiando essa ação. O governo encara tudo isso como resultado de reivindicações de movimentos sociais. No entanto, creio que se esse tipo de atitude anti-democrática continuar, evidentemente o setor florestal e a indústria brasileira terá que se manifestar mais fortemente e certamente as autoridades tomarão providências. Não pode continuar sendo assim, da forma rude como ocorreu. Acho que toda reivindicação ou manifestação deve ser democrática. Mas invasão com destruição à sociedade privada, aí já é desrespeito às leis e à própria sociedade.
Entrevista publicada originalmente no portal Celulose online/ ABTCP

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