(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-04-12
A chuva registrada no domingo não amenizou a situação provocada pela estiagem em Bagé, na região da Campanha, que revive o pesadelo da seca de 1989, quando os mananciais secaram. Mais uma vez a precipitação ocorreu em áreas isoladas e em diferentes índices. Foram 12 milímetros junto à Barragem Sanga Rasa, que está 11,80 metros abaixo do nível, e 9 milímetros na zona da Barragem do Piray, 5,40 metros abaixo do nível.

O município está sob racionamento desde o dia 1º de dezembro do ano passado, quando os bairros começaram a ser penalizados com os cortes no abastecimento, que logo chegaram ao centro da cidade. A utilização de água potável existente na extinta Pedreira Municipal, a partir do próximo final de semana, deve aliviar a rede, pois 20 mil moradores da zona leste serão atendidos.

Conforme a diretora geral do Departamento de Água e Esgoto de Bagé (Daeb), Estefanía Damboriarena, as instalações para a captação de água, como ligação de energia elétrica, colocação de bombas e motores para entrar na rede, devem ser concluídas sexta-feira. A pedreira tem 70 metros de profundidade de água e já foi usada na maior seca que Bagé enfrentou, em 1989, quando a cidade inteira teve de ser abastecida por caminhões-pipa.

Atualmente, mesmo com o município dividido em dois setores, que sofrem cortes por 12 horas diárias, é a população da periferia a grande atingida.

Corre-corre

Nas casas simples, que não têm caixas-d água, a situação é mais complicada. Quando o líquido corre pelas torneiras começa o corre-corre para armazenagem em baldes, panelas e garrafas PET. Hospitais e escolas têm garantia de abastecimento durante 24 horas pelos dois caminhões-pipa. Na sexta-feira passada a prefeitura recebeu o segundo veículo, com capacidade para dez mil litros de água.

O restante da cidade não escapou do racionamento, mas as residências, comércio e indústria que têm reservatórios ainda não sentiram o reflexo da estiagem. Decreto municipal proíbe desperdício e impede a lavagem de carros e calçadas, por exemplo. Um disque-denúncia foi disponibilizado para que possa ser evitado o uso indevido num município que teme novo colapso.

A vazão da Barragem Sanga Rasa foi reduzida, pois está no limite, e a cidade é abastecida pela Barragem do Piray e por uma emergencial, construída na seca de 1989. Segundo Estefanía, o Daeb tem adotado todas as medidas para evitar o temido colapso, mas só a chuva em grande quantidade pode reverter o atual quadro.

Dona-de-casa levanta às 6h para lavar roupa

A dona-de-casa Gleni de Medeiros Ornelas, 62 anos, reside num dos bairros mais pobres de Bagé, o Habitar Brasil. No local, a prefeitura começou a construir moradias populares, invadidas no meio da obra. As pessoas acabaram tomando conta das casas e fazendo adaptações nas construções inacabadas.

Gleni acorda todos os dias às 6h, para lavar roupas e juntar água para a comida e consumo do dia. Por volta das 8h não corre mais um fio nas torneiras. Embora tenha caixa-d’água, o tamanho é insuficiente para armazenar o necessário. “Eu poupo, lavo roupa na bacia e aproveito a água para limpar o banheiro; se tem que enxaguar, aproveito para depois lavar a casa”, contou. E se tiver que denunciar quem desperdiça, ela o faz, como já aconteceu. Do lado da sua casa mora a jovem Fernanda Jardim do Nascimento, 15 anos. Como não tem reservatório, para ela é mais penoso. É na madrugada que lava louças e roupas, e junta água em garrafas PET.

Lavanderia teme futuro próximo

A Lavanderia Lav & Lev, localizada no centro de Bagé, ainda não teve o serviço afetado. Segundo o proprietário Luís Fernando Paiva, o reservatório de quatro mil litros tem dado conta para garantir o produto principal do seu comércio. Mas se ficar um dia sem entrar água, a situação muda de figura. “Meu receio é que o racionamento chegue a 24, 48 horas, aí vou ter que trazer água de fora (ele tem propriedade na zona rural) e pagar pelo transporte”, disse.

Venda de água mineral cresce 30%

O consumidor de água mineral, com ou sem gás, não é o de classe baixa, mas ainda assim a venda cresceu entre 20% e 30%. Os responsáveis pelo aumento no consumo são os próprios clientes, que estão comprando mais por precaução.

O proprietário da revenda Teleágua, Nei Teixeira, vivenciou as conseqüências da estiagem de 1989, e de lá para cá tratou de aumentar a capacidade do reservatório de sua casa, que hoje é de dois mil litros. Tudo pelo temor de passar por tudo outra vez. O drama, por certo, é de todos os bageenses que já sabem o que é ficar dois meses sem água.
(Diário Popular, 12/04/06)

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -