Sementes transgênicas são adotadas rapidamente por países em desenvolvimento
2006-04-12
A biotecnologia agrícola continua a ser dominada por nações industrializadas, com Estados Unidos, Canadá, Brasil e Argentina se destacando como usuários de sementes transgênicas. Porém, a tecnologia está sendo rapidamente adotada também por países em desenvolvimento, que têm se beneficiado com melhores rendimentos nas lavouras.
Os países em desenvolvimento estão, atualmente, adotando a tecnologia mais
rápido que os países industrializados, disse Terri Raney, economista sênior e editora da divisão de agricultura, alimentos e economias em desenvolvimento da FAO, agência das Nações Unidas voltada para a agricultura e a alimentação.
Parte disso é devido à relutância da União Européia (UE) em aceitar as semente transgênicas definitivamente, afirmou Raney. Ela participou ontem da BIO 2006, uma conferência em Chicago.
Raney declarou que a FAO espera um rápido crescimento na Índia, particularmente no uso do algodão Bt, modificado geneticamente. Um gene do "bacilos thrigiensis", uma bactéria de solo, é adicionada à semente para agir contra as pestes do produto, como o bicudo.
Como a Revolução Verde nos anos 1960, que ajudou a aumentar a renda dos
produtores nos países em desenvolvimento, Raney disse que produtores que usam a biotecnologia poderão ter um benefício semelhante. É um ciclo que ajuda a encorajar o crescimento e manter os preços dos alimentos em baixa, contribuindo para as áreas urbanas mais pobres.
A diferença entre os dois é que a ciência é muito diferente e os custos são
maiores. Diferentemente da revolução verde, a revolução do gene é liderada
pelas companhias privadas com intenção forte de lucro. Ela afirmou que a
biossegurança é um problema que priva os mais pobres de terem acesso às
sementes. O sistema de regulamentação é caro, tornando-se um grande problema, o que faz as empresas buscarem mercados maiores para compensar o investimento.
A FAO observou o uso do algodão Bt na China, na Argentina, no México, na África do Sul e na Índia. O estudo levou em conta de dois a três anos de uso, exceto na Índia, onde foi considerado apenas um ano. Os rendimentos cresceram de 20% a 30% na comparação com os níveis anteriores. O uso de produtos químicos caiu de 50% a 70%, particularmente na China e na África do Sul. Os preços das sementes, porém, eram mais caros que os valores das convencionais.
Adquirir a semente certa para o produtor certo contribuirá para a melhora dos rendimentos. O estudo mostra que os países em desenvolvimento podem se
beneficiar das safras transgênicas. "Os produtores mais pobres podem se
beneficiar se tiverem acesso, e esse é o desafio."
(Estadão, 11/04/06)
http://www.estadao.com.br/agronegocios/noticias/2006/abr/11/159.htm