Moradores fazem ato contra poluição química na região central de Minas Gerais
2006-04-12
Com máscaras, faixas e bandeiras, moradores do bairro do Rosário, em Barroso, no Campo da Vertentes, protestaram segunda-feira (10) contra a fábrica de cimento Holcim. Os manifestantes afirmam que, sexta-feira, sobras de resíduos químicos inflamáveis – usados para alimentar os fornos de clínquer da empresa, armazenados num caminhão-tanque, foram despejados no bueiro da cidade, provocando forte mau cheiro.
Alguns moradores tiveram mal-estar, vômito e dor-de-cabeça. A dona de casa Maria José Moreira Campos, de 48 anos, foi levada ao hospital com dores no estômago e cabeça. Os médicos constataram aumento na pressão arterial. “Nunca tive esse tipo de problema”, disse ela, que vive na Rua Dores de Campos, em frente às instalações da multinacional.
No fim de semana, amostras do produto foram recolhidas pela comunidade e pela perícia técnica da Polícia Civil de Barbacena. De acordo com a vice-coordenadora da ONG Organização Desenvolvimento Sustentável e Comunitário, Celi Moura de Souza, o resíduo tóxico foi despejado na Rua Tiradentes, altura do número 34, em frente a uma oficina mecânica. “Esses resíduos são passivos ambientais de grandes empresas, usados como combustível pela Holcim”, afirma.
No boletim de ocorrência (BO) da Polícia Ambiental, um representante da empresa confirma que o produto é usado como combustível. Ele apresentou aos policiais nota fiscal com dados sobre o material – líquido poluente denominado C9 (gasolina adulterada) – e a empresa responsável pelo caminhão.
Em nota, a Holcim informa que, ao tomar conhecimento do incômodo causado aos moradores, alertou as autoridades sobre a possibilidade de contaminação da rede pluvial, solicitando que as bocas-de-lobo fossem tapadas com areia, para dificultar a propagação do mau cheiro. A empresa se comprometeu a prestar assistência aos moradores afetados. Uma equipe da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) chegou ontem a Barroso. Além de investigar as circunstâncias do derramamento, os técnicos vão analisar se as medidas para amenizar o mau cheiro foram corretas.
(Estado de Minas, 11/04/06)