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2006-04-11
Por Antonio Germano Gomes Pinto (*)

O Crédito Carbono está se tornando algo digno de ser estudado a fundo e reavaliado, não como um fenômeno econômico natural e normal, típico de uma sociedade em constante evolução e desenvolvimento, mas como um novo tipo de engodo, fraude, desta vez, aplicado sem fronteiras, entre grandes empresas e nações.

Um projeto tão bem elaborado pela genialidade humana está sendo deturpado e colocado num verdadeiro desserviço ao meio ambiente, se prestando a ganância e falta de escrúpulos de uma minoria que em busca de ganhos fáceis não se preocupam com a própria segurança e a segurança da sociedade e do Meio Ambiente.

Os governos têm o dever e a obrigação de proporcionar segurança ao Meio Ambiente, através normas, leis, regulamentos e de uma fiscalização rigorosa e eficiente, mas muitas vezes, têm sido omissos, os órgãos responsáveis pela fiscalização por negligência, desinformação ou para atender os interesses, fazem, vistas grossas ou criam dificuldades para vender facilidades, obrigando a sociedade científica a buscar arranjos paliativos para tentar conter uma situação já a beira de uma catástrofe universal.

Criou-se o Crédito Carbono, acredita-se, com os melhores propósitos e com a anuência dos políticos, governos e da comunidade científica internacional.

Mas infelizmente, algo criado para o bem, para salvaguardar o já combalido Meio Ambiente está sendo deturpado e fraudado porque os grandes poluidores continuam no seu desvario, poluindo as águas, o ar e a terra sem maiores constrangimentos ou remorsos, afinal estão pagando para ter esse direito.

Negocia-se algo inegociável, um comportamento, uma maior ou menor educação ambiental ou adaptação às exigências da sociedade criadas por necessidade absoluta de sobrevivência da espécie humana, da vida animal.

Se mal educado, se poluir vai desembolsar, vai pagar uma taxa para o que não poluir, ou poluir menos. Temos uma situação esdrúxula. Não se multa o poluidor, se premia o que não poluir ou poluir menos como se não fosse sua obrigação. Zelar pelo meio ambiente, nossa casa, é obrigação de todos nós.

Mas as coisas não param por aí.

A busca por fontes de energia limpa é uma necessidade imediata dos governos de todo o mundo. Ou se busca uma alternativa para os combustíveis fósseis ou chegaremos irremediavelmente ao caos.

Só para recordar vamos citar algumas opções de fontes energéticas não poluidoras:

a) A energia nuclear, apesar de ser considerada a de maiores riscos, parece ser uma das preferidas, não polui, não produz os chamados gases do efeito estufa;
b) A energia solar, energia primária, fonte de todas as outras energias existentes sobre a terra;
c) A energia marinha, produzida pelo efeito das ondas e marés, infelizmente, até a presente data, não chamou a atenção de nossos políticos e cientistas;
d) A energia eólica, produzida pelo vento, afirma-se ser de alto custo, por isso está sendo, de certa forma, pouco explorada;
e) A energia proveniente do aproveitamento do gás metano gerado nos aterros sanitários. Trata-se de uma providência de suma importância, pois o gás metano ou gás natural é, vinte e uma vezes mais poluente que o gás carbônico. Uma tonelada de gás metano faz o estrago de vinte e uma toneladas de gás carbônico se atirado na atmosfera. Essa iniciativa deveria ser subsidiada e incentivada pelos governos tal sua importância, urgência e necessidade;
f) A hidráulica, decantada em prosa e verso, como ideal e não poluente, tem-se chegado a conclusão que não é bem assim. Destrói e inutiliza grandes áreas, sua flora e fauna, e libera para atmosfera grandes massas de metano, produto da decomposição anaeróbia da biomassa alagada e asfixiada pelas águas das represas;
g)Energia geotérmica que consiste no aproveitamento da energia existente no interior do globo terrestre.

Essas fontes são dignas e merecedoras de todos os Créditos de Carbono e incentivos possíveis, apesar das ponderações sobre o alagamento e inutilização de grandes áreas e liberação do gás metano quando nos referimos à energia hidráulica.

Um novo tipo de fraude está em curso, uma farsa espetacular nesta área de Crédito de Carbono e as autoridades ambientais precisam ser alertadas sobre este assunto para criar mecanismos capazes de inibi-la. Trata-se da incineração do resíduo ou lixo urbano visando a co-geração de energia elétrica.

É muito fácil de se entender a manobra. O resíduo urbano ou lixo urbano possui baixo poder energético, a energia produzida na incineração deste tipo de material só produz calor suficiente para calefação, de pouco potencial, energia apenas suficiente para destruição do lixo e para neutralização do potencial poluidor dos gases e vapores da queima por choque térmico em solução de lavagem alcalina.

Para se gerar energia térmica capaz de movimentar uma turbina termoelétrica torna-se necessário o emprego de um combustível de alto poder calorífico e freqüência contínua no abastecimento deste combustível na fornalha para assim obter-se vapor de alta pressão e temperatura na caldeira e esse vapor, impulsionar a turbina moto geradora de eletricidade.

Como isso é impossível com o lixo, estão utilizando o mesmo como coadjuvante de uma farsa, como uma cortina, para utilizar o combustível fóssil em grandes quantidades nas chamadas usinas travestidas de co-geração de energia.

Estão criando termoelétricas, que funcionam com combustíveis fosseis, poluindo em grandes escalas, dissimuladas como incineradores de lixo em co geração e o pior, recebendo os ricos dólares do Credito de Carbono com o aval, por desconhecimento da sociedade e conivência de muitas instituições ditas sérias e confiáveis, incluindo universidades.

Estamos diante de uma fraude muito bem arquitetada que precisa ser desmascarada antes que cresça, tome vulto e cause prejuízos irreversíveis ao meio ambiente.

É inacreditável como o ser humano por ganância é capaz de arquitetar as mais incríveis malandragens em busca do lucro fácil, sem atentar para os prejuízos que irão acarretar a si mesmos e ao próximo.

Felizmente, esse tipo de malandragem, é muito fácil de ser detectada e desmascarada!

* Antonio Germano Gomes Pinto é bacharel em Química, licenciado em Química, químico industrial, engenheiro químico, especialista em Recursos Naturais com ênfase em Geologia, especialista em Tecnologia e Gestão Ambiental, professor universitário e autor de duas patentes registradas no INPI e em grande número de países.
(AmbienteBrasil, 10/04/06)

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