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2006-04-11
O cientista italiano Morando Soffritti reavivou a polêmica sobre a inocuidade do aspartame, adoçante artificial usado em produtos tão populares quanto refrigerantes dietéticos da Coca-Cola e Pepsi Co. Depois de estudar 1,8 mil ratos durante oito anos, a equipe de pesquisadores que liderou na cidade italiana de Bolonha concluiu que o aspartame pode ter efeitos cancerígenos. As conclusões, anunciadas em julho de 2005 e publicadas em março na revista Perspectivas de Saúde Ambiental do Departamento de Saúde dos Estados Unidos, contradiz outros estudos, financiados pela empresa criadora do adoçante, a G. D. Searle & Company, que asseguram que este produto não apresenta nenhum risco para a saúde humana.

Passivo
Há 25 anos, o adoçante está autorizado pela Administração de Drogas e Alimentos dos Estados Unidos (FDA). A venda do aspartame, com apenas quatro calorias e 200 vezes mais doce que o açúcar, e comercializado com as marcas Nutra-Sweet e Equal, fatura US$ 570 milhões por ano. Calcula-se que cerca de 350 milhões de pessoas no mundo, muitas desejosas de emagrecer, o consomem diariamente em seis mil tipos de alimentos. Somente na Europa são vendidas duas mil toneladas anuais desse produto.

O estudo de Soffritti foi feito no Centro de Pesquisa do Câncer Cesare Maltoni da Fundação Européia Ramazzini, em Bolonha, que ele dirige. Esta instituição, criada em 1971, ganhou credibilidade mundial ao descobrir as propriedades cancerígenas do aditivo para gasolina Éter Metil Terbutílico (MTBE), o que levou 21 Estados norte-americanos a proibir o seu uso. O Terramérica conversou com Soffritti na Itália.

Quais são os resultados de sua pesquisa, realizada entre 1997 e 2005, sobre os efeitos do aspartame?
Soffritti - Os resultados indicam que o aspartame é um agente cancerígeno multipotencial, mesmo consumindo diariamente 20 miligramas por quilo de peso corporal, isto é, uma quantidade menor do que a recomendada pela FDA (50 mg/kg de peso corporal) e a União Européia (40mg/kg).

Que tipo de câncer poderia causar?
Soffritti - Nosso estudo demonstrou, pela primeira vez, que o aspartame aumenta a incidência dos tumores malignos em ratos. Nas fêmeas aumenta a leucemia e os linfomas, bem como as células cancerígenas e suas displasias na pélvis e uretra. Nos machos, aumenta, sobretudo, a incidência de tumores malignos em nervos periféricos.

Quantas cobaias foram estudadas e qual método usaram?
Soffritti - Estudamos 1,8 mil ratos (Sprague-Dawley) criados para esta finalidade. Dividimos por grupos, e demos a eles doses parecidas com as ingeridas diariamente pelas pessoas, de cinco mil, 2,5 mil, 500, 100, 20, 4 ou zero mg/kg de peso corporal. O aspartame foi agregado à dieta padrão (sete doses na comida). O experimento começou quando os animais completaram oito semanas de vida e duraram até sua morte natural, após 159 semanas. Ao morrerem, fizemos os estudos histopatológicos de seus órgãos e tecidos. Analisamos mais de 30 mil amostras.

Pode-se supor que o ocorrido nas cobaias também pode ocorrer com seres humanos?
Soffritti - Segundo uma pesquisa sobre o câncer da Organização Mundial da Saúde, o estudo experimental de agentes cancerígenos em ratos é muito importante para o homem. Um terço dos agentes cancerígenos no homem foram descobertos com os estudos realizados com animais.

O aspartame é vendido principalmente para controle do peso. Em suas experiências os animais baixaram de peso?
Soffritti - Constatamos que aqueles que consumiam aspartame comiam menos, mas seu peso corporal se mantinha igual. Não temos explicação para isso, em nosso campo.

O aspartame também é consumido por crianças e grávidas. Quais efeitos pode ter sobre elas?
Soffritti - O estudo das doses correlacionadas entre as miligramas consumidas e o peso corporal nos diz que o efeito cancerígeno nas crianças pode ser maior (por seu peso). Os agentes cancerígenos têm um efeito mais forte na vida do embrião, por isso as mulheres grávidas correm mais riscos.

As pessoas que consomem aspartame estão condenadas a desenvolver câncer?
Soffritti - O câncer está relacionado com muitos fatores e com a genética. Não podemos dizer que um consumidor de aspartame pode desenvolver câncer. Há pessoas que fumam a vida toda e não têm câncer de pulmão.

Há diversos estudos que asseguram que o aspartame é inócuo para a saúde humana. Quais são as diferenças entre estes e a pesquisa que o senhor liderou?
Soffritti - Primeiro, estes estudos sobre o efeito cancerígeno em cobaias foram feitos nos anos 70, antes do início da comercialização do aspartame e foram pagos pelos próprios fabricantes. Seus resultados não evidenciaram que o aspartame fosse cancerígeno. Porém, alguns membros da comunidade científica duvidaram da qualidade desses experimentos porque alguns animais que consumiram aspartame apresentaram tumores no cérebro. Enquanto isso, os animais de controle não tiveram problemas. Segundo, esses estudos utilizaram um número menor de ratos (280 e 688) e não foram feitos segundo as boas práticas de laboratório (Good Laboratory Practices), então, não podem concluir com segurança que o aspartame não é um agente cancerígeno. Nosso centro de estudos é independente, não recebe financiamento das indústrias produtoras.

São necessários novos estudos científicos, como o seu, sobre os potenciais efeitos cancerígenos do aspartame?
Soffritti - Sim, são necessários mais estudos para obter maior precisão da quantificação do risco. Os atuais resultados já impõem, por parte dos órgãos competentes, uma urgente revisão das normas que regulam o uso e o consumo do aspartame para proteger a saúde pública, sobretudo a das crianças.

Seu estudo está sendo revisado pela Autoridade de Segurança Alimentar da Comissão Européia, que se pronunciará em maio. O senhor espera que esta instância avalize seu estudo e que agências governamentais na Europa e em outros países deveriam proibir o aspartame?
Soffritti - Espero que a norma vigente seja revista.
Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.
(Envolverde/Terramérica, 10/04/2006)

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