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2006-04-11
Os países do Mediterrâneo vão sofrer um desenvolvimento costeiro saturado nos próximos 20 anos. Se as tendências atuais se mantiverem, 63 milhões de pessoas não vão ter água suficiente e a desertificação vai acentuar a pobreza rural. O alerta é dado no mais recente Relatório Plano Azul das Nações Unidas. Em 400 páginas, o relatório faz previsões negativas sobre o estado do ambiente e do desenvolvimento dos 21 países que fazem fronteira com o Mar Mediterrâneo.

Em 2025, estarão a viver nas zonas da bacia do Mediterrâneo 524 milhões de pessoas, ou seja, mais 97 milhões do que as contabilizadas no ano 2000. Os turistas, que vão visitar as zonas costeiras, serão mais 137 milhões. Para fazer face ao aumento da procura turística, será necessário construir novos portos, estradas e aeroportos. Por isso, o relatório afirma que as zonas costeiras serão "cada vez mais sobre-desenvolvidas com 50% da sua linha de costa construída e impermeabilizada".

Nas zonas rurais será cada vez maior "a pressão sobre os recursos naturais". O estudo - realizado por 300 especialistas reunidos pela estrutura do Programa Ambiental das Nações Unidas, em Atenas - revela que situações como a má gestão dos recursos hídricos, a elevada salinização dos solos, a desertificação e a perda de terra arável, devido à urbanização, poderão sugerir uma "ruptura social e ecológica". Pelo que, "a pobreza rural vai continuar a limitar o crescimento dos países do mediterrâneo".

De acordo com o Plano Azul, uma liberalização excessiva do mercado também poderá conduzir a um maior empobrecimento e, consequentemente, a migrações do meio rural para o urbano e a um vasto fenômeno de emigração. No que diz respeito à poluição, embora o relatório preveja que "a poluição operacional de hidrocarbonetos" diminua, "as descargas de água de lavagens, produtos químicos e derrames de petróleo continuam a aumentar significativamente". Apesar das previsões negras, o Plano Azul salienta as boas práticas que têm sido desenvolvidas até agora, e recomenda soluções para minimizar os impactos. Entre elas estão a gestão da procura da água, a produção de energias renováveis, os transportes combinados, a regeneração e renovação das zonas urbanas, um desenvolvimento rural integrado, com aposta na agricultura biológica, e a criação de zonas costeiras sensíveis. O relatório recomenda também maiores - e melhores - políticas de protecção do ambiente, que contribuam para um desenvolvimento sustentável.
(Online Expresso, 10/04/06)
http://online.expresso.clix.pt/1pagina/artigo.asp?id=24759869

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