Coréia do Sul enfrenta tempestade de areia
2006-04-10
A Coréia do Sul sofreu no fim de semana sua pior tempestade de areia amarela dos últimos quatro anos, e meteorologistas advertiram na segunda-feira (10/04) que outros episódios do tipo, envolvendo uma nuvem sufocante de areia e produtos tóxicos, devem acontecer. Quando o céu adquiriu uma coloração amarelada e a visibilidade caiu para 1,5 quilômetro (de 10 quilômetros), a Coréia do Sul impôs um alerta de saúde, no sábado, devido à tempestade considerada a pior desde 2002.
O pó, que vem do deserto de Gobi, na China, agrega metais pesados e substâncias cancerígenas, como a dioxina, ao passar por regiões industriais do território chinês, antes de atingir a península da Coréia e o Japão, dizem meteorologistas. O clima seco e os ventos sazonais registrados na China arrastam milhões de toneladas de areia para a península coreana e o Japão todos os anos. Uma autoridade da Agência de Meteorologia da Coréia disse por telefone que outras tempestades do tipo devem acontecer nesta semana.
O Instituto Coreano do Meio Ambiente, mantido com verbas do governo, disse que esse pó mata até 165 coreanos todos os anos, a maior parte deles idosos e pessoas com problemas respiratórios, e deixa até 1,8 milhão doentes. O Programa do Meio Ambiente das Nações Unidas (Unep) afirmou que o problema atinge o nordeste da Ásia com uma frequência muito maior do que a verificada cinco anos atrás e que está piorando devido à crescente desertificação.
PREJUÍZO DE BILHÕES
No sábado (08/04), a agência meteorológica disse que as pessoas deveriam ficar em casa ou usar máscaras se saíssem às ruas. Médicos advertiram que a exposição prolongada à tempestade poderia causar problemas de saúde, tais como doenças nos olhos e no sistema respiratório. "Minhas crianças ficaram dentro de casa. Eu não as deixei sair para brincar naquele ar poluído", disse uma mãe da região central de Seul.
Os prejuízos anuais sofridos pela Coréia do Sul em virtude dessas tempestades girariam em torno de 4,49 bilhões e 5,77 bilhões de dólares, segundo o Instituto Coreano do Meio Ambiente. As tempestades cancelaram vôos. Fabricantes de semicondutores viram-se obrigados a elevar a capacidade de filtragem de ar em suas usinas a fim de evitar danos às linhas de produção dos delicados chips. As autoridades chinesas tentam combater a desertificação plantando árvores. Mas especialistas prevêem que o problema piore nos próximos anos.
(Reuters, 10/04/06)
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