McDonalds diz que investigará denúncias de que é responsável por desmatamento na Amazônia
2006-04-11
Em comunicado oficial, a rede mundial de lanchonetes McDonalds informa que vai iniciar "imediatamente" uma investigação sobre as denúncias de que contribui, de maneira indireta, para o desmatamento da Amazônia. Segundo o relatório "Comendo a Amazônia", divulgado pela organização não-governamental Greenpeace Internacional, além do McDonalds, supermercados e restaurantes da Europa colaboram com a destruição da Amazônia ao comprar frangos alimentados com farelo de soja produzida na região.
Em nota, o diretor de Qualidade e Segurança do McDonalds Europa, Keith Kenny, afirma que a rede está "muito preocupada" com questões ligadas ao meio ambiente, tanto em relação à atuação de suas franquias como às responsabilidades dos fornecedores. "Para chegar a uma rápida conclusão, continuaremos conversando com o Greenpeace para entender perfeitamente as suas preocupações, além de contatar outras organizações como a Conservation Internacional, (ONG especializada em política florestal). Acreditamos no diálogo aberto, como mantivemos com o Greenpeace em muitos outros temas há muitos anos", diz o texto.
O coordenador da Campanha da Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, explicou que a relação do McDonalds com a destruição da Amazônia é indireta. "O que o relatório do Greenpeace procura mostrar é como as empresas européias, as grandes corporações, têm um papel, cada uma delas, na destruição da Amazônia". Segundo ele, o documento é importante porque procura mostrar a relação entre a demanda mundial por soja e a destruição da Floresta. Adário explica que a soja é um produto usado em mais de 1,2 mil alimentos, sendo o grão mais consumido em todo o mundo. "A idéia do relatório era acompanhar em detalhes toda a cadeia que gera, ao seu final, um sanduíche na Europa e uma floresta desmatada no Brasil", argumentou o ambientalista.
O estudo é resultado de uma investigação sigilosa feita durante dois anos nas regiões de produção e consumo de soja. Foram feitas análises de imagens de satélite, investigações de campo, sobrevôos, entrevistas com políticos, representantes de comunidades afetadas e da indústria, além do monitoramento de navios cujo destino era o mercado internacional.
"É como se tivéssemos acompanhado o caminho de um grão de soja do Mato Grosso ou Santarém (PA), do silo, onde é depositado, para depois ser embarcado em um navio e levado para Europa", explicou Adário. "De lá vai para uma empresa processadora que esmagará a semente, e o farelo da soja vai ser utilizado como alimento para o frango que vai virar nuggets vendido no McDonalds", completou.
(Agência Brasil, 10/04/06)
http://www.ambientebrasil.com.br/rss/ler.php?id=24088