Abastecimento de gás natural deve ser normalizado em sete dias no Brasil
2006-04-11
As medidas de redução de abastecimento de gás natural vindo da Bolívia, por
conta de rompimento de gasodutos no país vizinho, poderão durar menos do que o
governo brasileiro esperava, informou, ontem (10/04), o Ministério de Minas e
Energia (MME). "A expectativa era que o racionamento durasse cerca de 20 dias,
porque não se tinha acesso aos gasodutos, mas agora o acesso foi dado e o
ministério acredita que o abastecimento possa ser normalizado no final desta
semana", afirmou um porta-voz do MME.
Na Petrobras, dona dos dutos, a expectativa é que a obra de reparo dos gasodutos
termine em até sete dias, segundo a assessoria de imprensa da estatal. Um
assessor da empresa informou que os reparos já tinham sido iniciados e devem
durar de cinco a sete dias. As obras demoraram a começar porque na semana
passada manifestações da população, que pedem a nacionalização do gás natural
na Bolívia, impediram o acesso da empresa aos dutos. No sábado, o fim dos
protestos populares que bloqueavam as estradas bolivianas e impediam a chegada
de equipamentos e peças de reposição para os campos da Petrobras na Bolívia,
permitiu a continuação dos trabalhos de conserto do duto rompido pelas chuvas
desde o domingo 2 de abril.
Enchentes e deslizamentos de terra deixaram exposta uma extensão de 800 metros
do Gasoduto Bolívia-Brasil, disse a Petrobras em comunicado. Barreiras
levantadas em estradas por grupos que protestam contra a política de
distribuição royalties seguida pelo setor energético da Bolívia restringiram os
esforços de reconstrução dos dutos até 8 de abril passado, quando foram
removidas.
Como resultado dos danos, a produção do gasoduto apresentou queda de 7 milhões
de metros cúbicos por dia, 14% do consumo diário do Brasil, reduzindo o
fornecimento do Gasbol de 26 milhões de metros cúbicos/dia para cerca de 19
milhões de metros cúbicos/dia, disse a Petrobras em comunicado. Na sexta-feira
à noite (07/04), o ministério de Minas e Energia informou redução de 72% no
suprimento que atende as terme-létricas do Sistema Interligado; diminuição de
51% no consumo da Petrobras em suas refinarias; e corte de até 12% na oferta de
gás para as distribuidoras estaduais.
Ontem, a Petrobras comunicou que substituirá o gás boliviano nas refinarias por
gás liquefeito de petróleo (GLP), antes utilizado pelas unidades da estatal,
mas que foi substituído pelo gás natural por fatores econômicos. "Não haverá
problemas de produção", afirmou um porta-voz.
Também a geração de energia elétrica do país está garantida, segundo o MME, já
que a energia que deixa de ser produzida pelas termelétricas será compensada
pela produção das hidrelétricas, em função das condições atuais favoráveis de
armazenamento dos seus reservatórios, devido ao excesso de chuvas,
principalmente na região Sudeste.
O consumo total de gás natural no Brasil é de 50 milhões de metros cúbicos por
dia.
(Reuters, 11/04/06)