Monocultura é danosa e leva à submissão dos produtores, afirma agricultor
2006-04-10
Experiências mal-sucedidas com monocultura, como é o conhecido caso da Aracruz Celulose, já serve de alerta aos produtores do campo brasileiro. Recentemente, a empresa “Brasil Ecodiesel”, de extração de biodiesel a partir da mamona, anunciou que o município de Rosário do Sul (RS), será a nova sede da fábrica. Para isso, a empresa terá ajuda do próprio governo federal no incentivo à plantação exclusiva da mamona. Pequenos agricultores da região, no entanto, indicam a necessidade de um modelo mais participativo, que estimule trabalhos cooperativados e cultivos diversificados.
Para Áureo Scherer, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), todos os tipos de monoculturas são danosas aos camponeses e ao meio ambiente, além de levar os produtores à submissão com relação às multinacionais.
“Porque não dá pra ficar preso e submetido à uma única cultura. Temos vários exemplos, como a questão da monocultura da soja que trouxe uma quebradeira, uma falência generalizada no campo brasileiro, porque o preço da soja está muito abaixo de seu preço de produção. A monocultura da madeira, como a que envolve a Aracruz, na região sul. Por isso nós achamos que esse não é o caminho adequado, não é o mais apropriado para este momento. Além do mais, por estar também controlado por determinadas empresas multinacionais. Temos que construir nossa autonomia, que é isso que estamos construindo na região das Palmeiras das Missões (RS)”.
Segundo Scherer, os pequenos agricultores da região de Palmeira das Missões estão implementando uma refinaria de biodiesel, a partir da extração de vários tipos diferentes de sementes. A proposta é evitar a monocultura da mamona, já que o biodiesel pode ser extraído também do girassol, do pinhão-manso, entre outros.
(Agência de Notícias do Planalto, 09/04/06)