Monsanto tenta inibir na Justiça invasão de movimentos sociais
2006-04-07
Com medo de uma possível invasão na estação experimental de Não-Me-Toque, a
Monsanto conseguiu na Justiça uma liminar de interdito proibitório que se
estende para todos os movimentos socais agrários. É uma medida preventiva.
Assim, caso a propriedade de 132 hectares seja invadida, os invasores podem ser
retirados imediatamente, sem necessidade de uma ação de reintegração de posse.
No final da manhã de ontem (06/04), oficiais de Justiça notificaram integrantes do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) acampados ao lado da Fazenda
Coqueiros, em Coqueiros do Sul. O local fica a cerca de 20 quilômetros da área
da Monsanto onde são feitas pesquisas com sementes de milho e onde no futuro
serão feitos novos experimentos com transgênicos.
Lavouras foram destruídas em 2001
A notificação foi pacífica. Como nenhum dos 300 integrantes quis assinar o
documento, as cláusulas foram lidas para todos os acampados, que desdenharam
com gritos de guerra. O mesmo documento foi entregue no acampamento do Movimento
dos Pequenos Agricultores em Almirante Tamandaré do Sul.
- É uma maneira de a empresa se proteger contra possíveis invasões - disse a
juíza de Não-Me-Toque, Cristiane Hoppe.
A Monsanto informou que a preocupação com uma invasão é por causa da rotina de
tensão próximo à Fazenda Coqueiros e devido à invasão à Aracruz, em 8 de março.
A unidade da Monsanto foi invadida em janeiro de 2001 por mais de mil pessoas
ligadas ao MST, que estavam em Porto Alegre para Fórum Social Mundial. Um dos
líderes foi o ativista francês José Bové, que incentivou a destruição das
lavouras experimentais de soja transgênica.
(ZH, 07/04/06)