Validade do subsídio à energia solar em cheque na Alemanha
2006-04-07
Frank Asbeck ficou milionário com a energia solar. A participação de sua família na composição da "Solarworld AG" está avaliada atualmente em 900 milhões de Euros. Ele contribuiu para que a chamada energia fotovoltáica explodisse na Alemanha.
Como muitos na área, o chefe do conglomerado alemão da energia solar apostou em previsões otimistas. Como em maio de 2000, quando Asbeck falou sobre a quase sustentabilidade da energia solar numa entrevista para a Spiegel. De acordo com ele, em quatro anos o preço do kw/h poderia reduzir 75%, chegando a 25 centavos. Já em 2010, a energia solar poderia corresponder a 15% da necessidade de energia primária na Alemanha. E isto era uma previsão realista.
Efetivamente, hoje a energia solar tem na Alemanha uma insignificante participação de 0,2% - e até 2020, apesar da ajuda de milhares de euros, participará apenas de 1,5% do fornecimento de energia do país. Asbeck também se enganou no fator de custos, em mais de 100%. Ao invés da redução prevista de 12,5 centavos, o preço por 1kw/h de energia solar está hoje em torno de 51 centavos acima do valor médio da energia no país.
Na apresentação do balanço da energia solar para a imprensa na cúpula de Energia semana passada, Asbeck repetiu a conversa da chegada da era da energia solar. Suas previsões também puderam ser apresentadas para a chanceler Angela Merkel (CDU) na reunião de discussão sobre energia.
Diferença financeira
Energia solar é um tema popular: um produto de alta tecnologia na Alemanha, que promete resolver o problema da energia no Planeta. O progresso da demanda de fotovoltáica vale como sucesso do governo "vermelho-verde". A aliança governamental alterou as leis sobre energia, obrigando as empresas de energia a comprar a energia solar. Atualmente, o preço estabelecido por lei – dependendo da quantidade do fornecimento – está em 51 centavos kw/h. Assim, a energia solar está 10 vezes mais cara que a energia produzida em turbinas de energia a gás, construídas recentemente e que ainda não foram depreciadas.
Além disso, esta energia provinda do gás, dispõe de 5000 mil horas de capacidade máxima por ano. Por outro lado, a produção de energia solar durante o dia é dependente do tempo e do clima. Sob a realidade climática alemã trabalha uma célula de energia solar durante exatamente 800 horas – capacidade máxima por ano.
Mas as queixas sobre a elevação da energia solar continuam. Com os centavos da energia solar, – como a conhecida crença – a indústria exportadora dessa tecnologia poderá sempre criar postos de trabalho altamente qualificados. A realidade não é tão expressiva assim.
Os subsídios alemães para a instalação de células fotovoltáicas não geram muito lucro para as empresas locais, mas sim para seus concorrentes estrangeiros. Nos dois últimos anos, mais de 50% das plantas solares construídas na Alemanha foram fornecidas por companhias estrangeiras.
Junto a isso há uma outra grande soma. Sozinho, os 600 megawatts de células solares – instaladas em 140 mil casas no país em 2005 – produzirão, nos próximos 20 anos, cerca de 10 bilhões kw/h, que devem ser pagos, cada uma, com um subsídio de até 54 centavos por kw/h (plantas pequenas em telhados do edifício). Ou seja, os consumidores precisam pagar cinco bilhões de Euros para incentivar essa produção nestes 20 anos.
Motor de Empregos
Considerando que os valores e a quantidade de energia aumentam ano após ano, tem-se a equação de diminuição anual de 5% na remuneração da energia solar será obtida através do crescimento esperado do setor. A partir de 2018 mais de 50% dos subsídios deixarão de ser pagos para a energia eólica, por exemplo, mas sendo incorporadas para o incentivo da produção solar de eletricidade.
A pergunta que fica é sobre o pequeno rendimento desse subsídio. Para o preço de aproximadamente 28 bilhões de euros estimado para a remuneração da energia fotovoltáica no ano de 2020, corresponderá apenas 1,55% da necessidade de energia alemã, conforme um estudo de institutos de pesquisa ambiental e econômica do ministério federal do meio ambiente.
Há tempos já é sabido na política alemã que a eletricidade solar do país pode ser produzida, mas não de forma tão competitiva. Por isso, a promoção é justificada pelas oportunidades de exportação. Mas as exportações da técnica solar são até agora modestas. Para fazer parecer oportuna, a promoção política recorre à associação federal de cientistas da energia (BSW) como sendo um ramo “motor de emprego".
Atualmente, segundo cálculos da BSW trabalham no setor solar cerca de 3.500 profissionais de alta qualificação. Em nível técnico são 1.600. Já nos postos de trabalho para mão de obra pesada na instalação e montagem dos equipamentos solares são cerca de 20.000 pessoas empregadas.
Os cientistas apresentam outros números. Wolfgang Pfaffenberger, dirigente do Instituto de Energia de Bremen, examinou os efeitos do trabalho nas energias renováveis. No longo prazo, de acordo com ele, "os altos custos da energia fotovoltáica irão causar mais demissões que empregos gerados na indústria da energia solar". "O resultado final líquido no que se refere a posto de trabalho é negativo."
Para Pfaffenberger as razões estão claras: "a energia fotovoltáica não é a melhor para a Alemanha, mas para outros países, onde a exposição do sol é três vezes mais alta". Para a cúpula de energia cientistas críticos não foram convidados. Sobre os prospectos da indústria solar falou, certamente, apenas o milionário Asbeck.
(Com informações do Die Welt)