O ano de 2006 deverá ser fundamental na reestruturação da indústria do carvão chinesa, quando pela primeira vez poderá ser observado um equilíbrio entre a oferta e a demanda dessa matéria-prima, o que permitirá um respiro às empresas para se reorganizarem, informou a agência Xinhua. Wu Chenghou, diretor-executivo da Associação de Transporte e Venda de Carvão da China, animou as empresas de carvão a usarem esta oportunidade para "integrarem-se e melhorar" o setor, que satisfaz 73% das necessidades energéticas da China e cuja extração provoca 6 mil mortes ao ano.

Segundo cálculos oficiais, a demanda chinesa de carvão chegará a 2,25 bilhões de toneladas em 2006, sendo 2,17 bilhões para o consumo interno e 80 milhões para a exportação. A capacidade de produção de carvão chegará a 2,26 bilhões de toneladas, mas a produção deve ser ligeiramente superior, de acordo com o analista. As empresas "deveriam limitar sua produção, melhorar a qualidade do carvão e as estruturas de provisão para garantir os lucros", recomendou Wu, segundo informou a agência.

O superávit, no entanto, preocupa as companhias, porque os preços já são muito baixos, e uma queda adicional pode acabar com parte das milhares de pequenas empresas que operam no país. Os produtores de carvão tentam há meses negociar um aumento do preço, após sua liberalização no final de 2005, mas as companhias elétricas se negam a aceitar uma alta, já que não podem transferir o aumento ao custo da eletricidade, fixado pelo governo chinês.

Segundo Feng Fei, diretor-geral do departamento de pesquisa industrial do Conselho de Estado chinês, a solução será liberalizar o preço da eletricidade para que seja determinado de acordo com a oferta e a procura no mercado. Os baixos preços do carvão não só levaram as jazidas a trabalharem em condições extremas objetivando conseguir a maior lucratividade possível, mas também favorecem a baixa eficácia energética e o esbanjamento, além de frear o desenvolvimento de outras fontes de energia, como o gás.
(Carbono Brasil, 05/04/06)
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