Brasil Ecodiesel confirma a usina em Rosário do Sul
2006-04-06
A Brasil Ecodiesel, uma das maiores produtoras de biodiesel no País, confirmou
ontem (05/04) a instalação de uma unidade em Rosário do Sul. A confirmação do
investimento de R$ 20 milhões foi feita ontem pelo diretor-presidente da
empresa, Nelson Silveira, na Assembléia Legislativa. A iniciativa vai beneficiar
entre 30 mil e 40 mil famílias de agricultores do Estado.
A unidade deverá produzir 100 milhões de litros/ano de óleo combustível com
ênfase para a mamona e o girassol. Para atender a esta capacidade produtiva, a
companhia teria que contar com cerca de cem mil hectares cultivados com
oleaginosas. De acordo com Silveira, a expectativa é de que a nova planta
comece a operar em dezembro. A intenção da Brasil Biodiesel é ofertar este
combustível no próximo leilão de biodiesel, marcado para o dia 26 de abril,
quando devem ser negociados cerca de 500 milhões de litros pela Agência Nacional
do Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis (ANP). A entrega do produto
negociado no leilão deve ocorrer entre janeiro e dezembro de 2007.
“Estamos aguardando a liberação de licenças ambientais”, explica. Segundo ele,
não está descartada a hipótese de a empresa utilizar outras oleaginosas na
produção do combustível. “A produção no Rio Grande do Sul terá como destino o
abastecimento de todo o País”, afirma Silveira.
A Brasil Ecodiesel pretende iniciar imediatamente o treinamento e a assistência
aos produtores gaúchos que vão plantar a matéria-prima da fábrica - que terá
como foco principal a mamona. “Vamos começar a estruturar a cadeia técnica”.
Nos locais onde atua, a companhia desenvolve dois projetos de parceria com os
agricultores: Núcleos de Produção Comunitária e Rede de Agricultura Familiar.
No primeiro caso, a oleaginosa é produzida em sistema de parceria rural, com
contratos individuais de dez anos de duração. Cada parceiro fica responsável
por um lote de 7,5 hectares, plantados com mamona e feijão consorciados e uma
casa com energia elétrica gratuita e saneamento básico. Em troca, o produtor
compromete-se a vender parte da produção à Brasil Ecodiesel com preços de
mercado. “Ele foge da lógica da commodity internacional”, argumentou, numa
referência aos grãos que têm suas cotações ditadas pelo mercado externo. No
entanto, o teto de preços para a produção destinada ao biodiesel deve ser o da
soja.
No segundo projeto a Brasil Ecodiesel atua em parceria com assentamentos já
estabelecidos pelo governo, aproveitando a infra-estrutura instalada, fornecendo
apenas as sementes, os insumos e o apoio técnico para o plantio. Neste caso, a
empresa garante 10% da compra da produção. Em função da iniciativa, o governo
Federal concede à companhia o selo combustível social. “Isso chama-se
verticalização da produção, trata-se de um novo paradigma”, afirma Silveira.
O modelo integrado de produção foi criticado, por meio de nota, pelo Movimento
dos Pequenos Agricultores (MPA). “A Brasil Ecodiesel propõe aos pequenos
agricultores um sistema de integração semelhante ao do fumo”, afirmou o MPA,
argumentando que esta organização os tornaria “dependentes da indústria”.
Silveira disse que a companhia conta com 35 mil famílias integradas à produção
de oleaginosas no Nordeste. Para Silveira, o modelo é “completamente diferente
do fumo”, porque estimula a auto-organização dos agricultores. “Nosso trabalho
é de criar independência das pessoas da empresa”, respondeu, sobre a crítica.
Até o final do ano a empresa pretende inaugurar outras unidades fabris no Ceará,
Bahia e Tocantins.
(JC, 06/04/06)