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2006-04-06
A falta de informação e registro ainda são empecilhos na análise e na previsão de fenômenos climáticos. Além de se defender de ciclones, tornados e fortes tempestades, é preciso enfrentar as incertezas sobre a ocorrência de novos acontecimentos.

O diretor da MetSul Meteorologia, Eugenio Hackbart, afirma que, antigamente, não se fazia um levantamento rigoroso das informações, e muitas tempestades nem eram registradas. A situação começou a mudar com o aumento populacional, que levou a uma ocupação de áreas verdes. "Muita coisa acontecia em florestas e locais que, por serem desabitados, não ganhavam importância".

O meteorologista lembra também que fenômenos intensos sempre aconteceram na região que abrange o Rio Grande do Sul, o Uruguai e a Argentina. A diferença é que, antigamente, eles eram chamados simplesmente de "tempestades fortes". Com o uso de expressões como tornados, a impressão é de que ocorrem agora com mais freqüência. "Os institutos usavam outras palavras, muitas vezes erradas, para não causar pânico na população", esclarece. A falsa impressão também é reforçada por sua concentração em determinadas épocas do ano, como as estações de transição. "As temporadas fazem com que muita coisa aconteça ao mesmo tempo, mas é preciso entender que não é nada catastrófico", explica.

O meteorologista do Centro de Informação de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram), Clóvis Correa afirma que não é possível prever, por exemplo, se haverá um "novo" Catarina. "Estatisticamente, não se pode fazer uma análise se vai voltar a acontecer ou não. Nunca se soube de algo parecido por aqui, esse furacão foi atípico. E, por isso, é impossível dizer se vai acontecer outra vez ou não. Qualquer coisa que se diga é pura especulação", adverte.

Devido à imprecisão dos registros, o meteorologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Marcos Barbosa Sanches acredita na ocorrência de outros fenômenos de grande intensidade. Porém, afirma que nada é certo. "Esse tipo de coisa só as pesquisas que estão sendo feitas podem dizer. Mas, se olharmos para os Estados Unidos, percebemos que nos últimos tempos tem havido mais furacões", destaca.

A alta freqüência de fenômenos climáticos, bem como sua intensidade, podem já ser reflexos do aquecimento global. O glaciologista do Núcleo de Pesquisas Antárticas (Nupac) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Jefferson Cardia Simões confirma a dificuldade de prever tais acontecimentos, mas as probabilidades aumentam em virtude da elevação da temperatura das águas oceânicas. "De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), esse aquecimento faz com que cresça a probabilidade de tornados, furacões, enchentes e secas. Sabemos que isso sempre aconteceu, mas o aquecimento global está causando interferências", observa.

Precauções
A integração entre municípios e estados é o melhor método de precaução contra fortes tempestades. A opinião é do chefe da Defesa Civil de Santa Catarina, major José Mauro da Costa, que afirma que as cidades devem estar melhor preparadas para enfrentar esses acontecimentos. "As prefeituras precisam ter quadros permanentes de funcionários prontos para essas emergências, e não profissionais temporários", explica.

Existe também a preocupação em fortalecer o monitoramento. No caso do Catarina, os órgãos de defesa foram avisados pelos institutos de meteorologia cinco dias antes. E o cuidado não deve residir apenas na rapidez da informação, mas também em seu manuseio. "As pessoas devem saber os riscos que estão correndo e como se proteger disso", destaca Costa.

A percepção dos riscos, de acordo com o capitão Luis Fernando Santos Carlos, da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, é parte fundamental da preparação dos municípios. "Como muitos alertas chegam para nós um ou dois dias antes de acontecer, é importante que as cidades tenham planos de defesa", afirma.

O planejamento requer um estudo sobre as áreas de vulnerabilidade. Um vendaval na cidade de Canoas, por exemplo, atingirá, em primeiro lugar, os entornos da Refinaria Alberto Pasqualini e do Aeroporto Salgado Filho. A partir do conhecimento das áreas de maior risco, podem ser estabelecidas estratégias como deslocamento da população para ginásios, centros de eventos ou escolas, no sentido de minimizar os danos.

Retrospectiva
Março de 2006: Vento próximo ou acima de 200 km/h atinge o norte de Florianópolis, deixando mais de 100 casas destelhadas e pelo menos 20 com perda total.

Fevereiro de 2006: a cidade de Mostardas teve cerca de 20 casas destruídas por um tornado.

Janeiro de 2006: As cidades de Getúlio Vargas, Estação e Erebango foram atingidas por um violento temporal no primeiro dia do ano de 2006. Os municípios, localizados na região do Alto Uruguai, sofreram danos nas zonas urbana e rural. Em Florianópolis, no dia 2, chuvas e rajadas de vento de até 115 Km/h atingem a Barra do Sambaqui. No dia 16, áreas de tempestade se formaram no Vale do Paranhana (SC). A mesma linha de tempestade evoluiu para o litoral norte, onde também provocou temporais. No dia 25, a Igreja de Nossa Senhora da Salete, em Criciúma, foi destruída por uma intensa tempestade.

Dezembro de 2005: Um tornado atinge o distrito de Boava, em São Joaquim, a 10 quilômetros da sede do município catarinense. Os danos foram menores e limitados a pomares que sofreram os prejuízos.

Agosto de 2005: um tornado com ventos de até 110 Km/h arrastou casas e deixou 15 pessoas feridas em Muitos Capões (RS), a 290 km de Porto Alegre. Em Florianópolis, rajadas de vento que chegaram a 125 km/h causaram destelhamentos, destruição e acidentes.

Março de 2004: Rio Grande do Sul e Santa Catarina são atingidos pelo furacão Catarina, de escala 1, com ventos estimados em cerca de180km/h e ondas entre 2,5 metros e 4 metros de altura em alto-mar.

Dezembro de 2003: um tornado atingiu a cidade de Antônio Prado, causando cinco mortes, alagamentos e prejuízos em Alegrete, Santana do Livramento, Pelotas, Santa Maria e Caxias do Sul.

Julho de 2003: um tornado na cidade de São Francisco de Paula, nordeste do Rio Grande do Sul causou uma morte e deixou mais de 50 pessoas feridas.

Julho de 2001: a cidade de Bom Jesus enfrenta uma forte tempestade.

Outubro de 2000: um tornado F3, com ventos de 251 a 330 km/h, provoca mortes e destruição na localidade de Águas Claras, em Viamão, na Grande Porto Alegre. Os danos se alastraram por uma área desde a zona sul da cidade até o litoral norte.
Por Patrícia Benvenuti

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