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2006-04-06
A organização ecológica Greenpeace advertiu nesta quarta que até 67 mil pessoas podem morrer nos próximos 15 anos na Rússia ainda por conseqüências da catástrofe nuclear de Chernobil, que este mês completa 20 anos. O chefe do departamento energético do Greenpeace na Rússia, Vladimir Chuprov, desmentiu os dados de um relatório publicado pela Agência Internacional de Energia Atômica e pela Organização Mundial da Saúde em 2005, que indicou que os efeitos da catástrofe nuclear de Chernobil já não representam um grave perigo.

De acordo com o relatório, não mais que quatro mil pessoas poderiam morrer nos próximos 90 anos por causa do acidente em Chernobil. No entanto, Chuprov disse que um estudo do Centro de perícia ecológica independente de São Petersburgo desmente estes cálculos. "Os analistas chegaram à conclusão que entre 1990 e 2004 aproximadamente 67 mil pessoas morreram somente na Rússia por causa de Chernobil", indicou o representante do Greenpeace em entrevista coletiva em Moscou.

Segundo a agência "Interfax", Chuprov mostrou à imprensa um diagrama do estudo do Centro de São Petersburgo de acordo com o qual o número de mortes adicionais nos próximos 15-30 anos por causa da catástrofe superará a média estatística em 4%. "Isto significa que nos próximos 10-15 anos pode haver os mesmos 67 mil casos de mortes adicionais", afirmou.

Em 26 de abril, o acidente de Chernobil completa 20 anos, quando a explosão do quarto reator da usina atômica ucraniana lançou na atmosfera 200 toneladas de material nuclear com a radiatividade de 50 milhões de curies, equivalente a 500 bombas atômicas de Hiroshima. A catástrofe contaminou territórios de Ucrânia, Rússia e Belarus, então repúblicas soviéticas, e teve como primeiras vítimas os "liquidadores", pessoas que trabalhavam com a limpeza e o isolamento do reator.

O chefe do Serviço Epidemiológico russo, Guennadi Onischenko, informou que, "após 20 anos da catástrofe, a região de contaminação na Rússia abrange 4.343 localidades com uma população total de 1,5 milhão de pessoas". Oníschenko indicou que a região inclui 14 das 88 repúblicas e regiões da Rússia, e que a pior situação é registrada na região ocidental de Briansk, na fronteira com Belarus.

O acadêmico Anatoli Tsyb, da Academia de Ciências Médicas da Rússia, assinalou que o registro nacional de pessoas afetadas pela catástrofe de Chernobil inclui 638 mil pessoas, das quais 187 mil são "liquidadores". Tsyb lembrou que Chernobil aumentou os casos de doenças, como a leucemia e o câncer de tireóide, entre as pessoas afetadas pela radiação, e afirmou que atualmente 75 mil habitantes da Rússia estão nesse grupo de risco.

Ludmila Kolmogórtseva, deputada da região de Briansk, disse que os casos de câncer superam a média nacional em 10-15% neste território, onde ainda há 30 mil hectares de florestas contaminadas. "É uma bomba atômica: são árvores e arbustos secos que podem incendiar a qualquer momento, o que seria a ruína para Belarus e para a Europa", afirmou a legisladora.
(UOL, 05/04/06)
http://jc.uol.com.br/2006/04/05/not_109737.php

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