Álcool da cana-de-açúcar pode fazer mais do que rodar automóveis
2006-04-05
Com uma produção de 16 bilhões de litros por ano, o Brasil é o maior produtor de álcool de cana-de-açúcar – ou bioetanol –, respondendo por 36% do mercado mundial. Além de atender a demanda nacional e parte da internacional por biocombustíveis nas próximas décadas, essa produção poderá servir também como fonte de matérias-primas alternativas para a indústria química, incorporando avanços científicos e tecnológicos na área da biotecnologia. Para discutir essas e outras questões sobre o tema, o Instituto UNIEMP – Fórum Permanente das Relações Universidade-Empresa realizará no dia 12 de abril, em São Paulo, o seminário Perspectivas industriais para o bioetanol.
O evento terá a participação de especialistas brasileiros e europeus, vinculados a instituições de pesquisa, indústrias e órgãos governamentais (veja programação abaixo). O objetivo é proporcionar uma oportunidade de troca de idéias e de experiências nas mais diversas áreas da cadeia de produção e de aplicações do bioetanol. Pretende-se, também, identificar as áreas de maior interesse para o estabelecimento de cooperação, envolvendo programas conjuntos de ciência, tecnologia e inovação (C&T&I).
O seminário será dividido em três módulos: “Perspectivas industriais para o bioetanol: visões brasileira e européia”, “Integração da biotecnologia e das ciências da engenharia para a indústria química e de combustíveis” e “O papel do bioetanol no panorama energético”.
No primeiro módulo, além de debater as perspectivas de expansão da indústria sucro-alcooleira para atender a demanda mundial por biocombustíveis e matérias-primas alternativas para a indústria química, o encontro também vai tentar mostrar que a intensa colaboração profissional entre a academia e a indústria é um dos requisitos para transformar as recentes descobertas e avanços científicos na genômica, na biologia molecular, na biocatálise e na tecnologia de fermentação em inovações.
O segundo módulo, Integração da biotecnologia e das ciências da engenharia para a indústria química e de combustíveis, vai destacar que a produção competitiva de bioetanol da cana-de-açúcar e de ácido lático é prova irrefutável do potencial de uma indústria química baseada em processos biotecnológicos e deve servir como modelo importante para futuros processos fermentativos em larga escala.
O terceiro módulo, O papel do bioetanol no panorama energético, vai discutir as perspectivas econômicas para a ampliação da produção do bioetanol. O Brasil ocupa uma posição privilegiada nesse aspecto. O clima e a insolação existentes no país têm sido favoráveis ao aparecimento de uma indústria, hoje bem estabelecida, que explora o trinômio açúcar-álcool-energia desde a década de 1970 e que se tornou referência mundial para o desenvolvimento sustentável. É uma situação que pode melhorar ainda mais.
Insumos para a indústria
Além de combustível, o álcool pode gerar outros produtos. É o caso, por exemplo, do ácido acético, um insumo da indústria química que é utilizado na preparação de perfumes, corantes, acetona e seda artificial. Há ainda o acetato de polivinila (PVA), empregado na produção de tintas à base de água, de adesivos e de gomas de mascar; e do acetato de etila, aplicado na formulação de thinners, lacas, tintas e vernizes.
A partir do álcool também é produzido o cloreto de polivinila (PVC), usado na fabricação de caixas, telhas, tubos flexíveis, luvas, sapatos, “couro-plástico” e fitas de vedação. Há ainda o polietioleno, um polímero do qual se faz, por exemplo, tubos macios, flexíveis e quimicamente resistentes que são usados para terapia endovenosa e em cateteres. Dele também se pode fazer embalagens conhecidas como PET.
O seminário Perspectivas industriais para o bioetanol terá como local o Hotel Accor Jaraguá (Rua Martins Fontes 71, Centro, São Paulo), com início às 9h00 e encerramento às 17h00. A participação é gratuita e as inscrições devem ser feitas em www.uniemp.org.br
Programa do seminário
9h10 – 10h30: Módulo 1 – Perspectivas industriais para o Bioetanol: visões brasileira e européia
Palestrantes:
Isaías Macedo de Carvalho, Pesquisador do NIPE / Unicamp (Perspectiva Industrial Brasileira)
Herman van Wechem, Shell Global Solutions (Perspectiva Industrial Européia)
Debatedores:
Flávio Cavalcante, Diretor Industrial da Oxiteno
Roberto Rezende Barbosa, Diretor presidente do CTC, presidente do Grupo Nova América e membro do conselho da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (ÚNICA).
José Luis Olivério, Vice-Presidente de Operações da Dedini
Peter Nossin, DSM Corporate Technology
11h00 – 12h30: Módulo 2 – Integração da biotecnologia e das ciências da engenharia para a indústria química e de combustíveis
Palestrantes:
Gonçalo Guimarães, Chefe do Departamento de Genética e Evolução – Inst. Biologia / Unicamp
Hubert Veringa, ECN / UTwente
Debatedores:
Jesus Ferro, Allelyx
Richard Macret, Diretor Científico da RHODIA
Jan de Bont, ECN / UTwente
Peter Lednor, Shell International Chemicals
14h00 – 15h30: Módulo 3 – O Papel do Bioetanol no Panorama Energético
Palestrantes:
Silas Oliva Filho, Gerente de Comércio de Álcool e Oxigenados - Petrobras
Andre Faaji, Universidade de Utrecht
Debatedores:
Silvio Andrieta, CPQBA / Unicamp
Jaime Finguerut, Gestor da Coordenadoria de Programa de P&D do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC)
Márcio Miranda Santos, Diretor Executivo do Centro de Gestão Estratégica (CGEE)
Johan Sanders, WUR
Kees Kwant, SenterNovem
Peter Lednor, Shell
16:00h – 17:00 h: Debate Final
Por Ângela Trabbold, Acadêmica Comunicação