Situação de abastecimento é crítica em Bagé
2006-04-05
A situação é crítica em Bagé, na região da Campanha, onde a estiagem castiga as três barragens que abastecem o município. A população, formada por mais de 120 mil habitantes, está sob racionamento de água desde dezembro e nesta semana passou a enfrentar um corte ainda maior no abastecimento. A cidade foi dividida em dois setores e as residências têm água nas torneiras 12 horas por dia. Se não chover, o município pode entrar em colapso, como ocorreu em 1989, quando as barragens secaram e os moradores foram abastecidos por caminhões-pipa durante dois meses.
O aumento do número de horas na suspensão do fornecimento de água, de oito para 12 horas, foi adotado numa tentativa de evitar medidas mais drásticas. Pelo novo esquema de racionamento de água, a cidade de Bagé foi dividida em dois setores. O primeiro setor não recebe água da rede pública da meia-noite ao meio-dia, enquanto o segundo setor enfrenta racionamento do meio-dia à meia-noite. Conforme a diretora geral do Departamento de Água e Esgoto de Bagé (Daeb), Estefanía Damboriarena, a cada cinco dias é invertido o horário do corte, para não causar transtornos ainda maiores para a população. A comunidade torce para que chova, pois é a única maneira de minimizar a situação.
A barragem Sanga Rasa está 11 metros abaixo do nível, ou seja, no limite. Tanto, que a captação de água está sendo feita através da barragem do Piraí, que está 4,74 metros abaixo do nível, e da barragem emergencial. “É uma equação matemática, precisamos que chova; o Daeb está fazendo sua parte, a comunidade a sua, ao economizar; se as três partes andarem, vamos conseguir evitar o colapso”, comentou Estefanía, que diz se considerar uma pessoa otimista.
História dramática
Apesar de nos últimos três anos ter se configurado uma redução considerável no índice pluviométrico, no ano passado Bagé escapou do racionamento. Em abril de 2005 a barragem Sanga Rasa estava sete metros abaixo do nível, em novembro e dezembro choveu 44 milímetros, mas em janeiro deste ano a precipitação foi acima de 200 milímetros, o que deu um fôlego para a cidade chegar até agora ainda com água.
Desde então, os percentuais de chuva são aquém do necessário, o que levou o município a uma situação dramática, segundo descreve a diretora geral do Daeb. “Com limitações, estamos conseguindo manter o conjunto da cidade com água tratada”, disse.
Meteorologia
O pesadelo que a população de Bagé vive com a falta d’água é divulgado no site Climatempo, da Climatologia Urbana de São Leopoldo. A MetSul Meteorologia recomenda à comunidade de Bagé e de outras cidades do sul gaúcho afetadas pela estiagem severa para que esteja atenta às recomendações das autoridades e não poupe esforços no sentido de economizar água.
(Diário Popular, 05/04/06)