Suíços vão investir em biodiesel brasileiro
2006-04-05
O Presidente da Câmara de Comércio Suíço-Brasileira, Ernest Moeri, afirma
que a Suíça poderá ser um bom investidor
na produção de biodisel brasileiro. Para ele, o Brasil tem condições
extremamente favoráveis e "está se preparando para
ser um dos principais produtores mundiais". Ernest Moeri explica que os
investimentos suíços ainda estão focados na
área de pesquisa e avaliação de mercado, mas que até o final deste ano o
foco poderá ser direcionado para a produção.
A Suíça se comprometeu em substituir uma parte do combustível mineral por
renovável. Por isto, tecnicamente, o Brasil
é o parceiro potencial para exportar o produto para solo helvético.
Assunto presente também na Europa
Neste aspecto cabe destacar que ambos os países têm um relacionamento
comercial intenso, onde o Brasil é o
principal parceiro comercial na América Latina e a Suíça está entre os vinte
parceiros mais importantes para os
empresários brasileiros. Só na última década o comércio bilateral cresceu
170%. Portanto, o interesse dos suíços pela
produção de biodisel em território brasileiro é um desenvolvimento natural
para o comércio entre os dois países.
Moeri lembra que a utilização deste tipo de combustível trás benefícios em
nível global, pois ajuda a reduzir a quantidade
de poluentes na atmosfera. Isso, naturalmente, é um apelo importante para a
comercialização do produto. O presidente
da Câmara Suíço-Brasileira diz que o biodisel é um assunto muito presente na
Europa - principalmente na Alemanha,
Áustria e França - mas no Brasil, ainda não temos uma produção de escala que
possa atender ao mercado interno nem
externo, embora seja um assunto muito difundido pela imprensa
nacional.
Interesse no mercado interno e internacional
"O Brasil domina a tecnologia de produção de etanol e álcool à base de cana
mas o biodisel ainda é um assunto novo,
porém de potencial muito grande" diz ele. O executivo afirma também que o
mercado suíço ainda é pequeno e por isso o
grande interesse dos empresários helvéticos é investir na produção
brasileira visando o mercado interno e
internacional.
Segundo ele, outro aspecto importante é que, embora esteja sendo feito um
grande esforço no Brasil para o
desenvolvimento do biodisel, na Europa as pesquisas estão mais avançadas.
Portanto uma possível parceria de
empresas européias e brasileiras, com transferência de tecnologia, seria
muito bem- vinda. Essa transferência já vem
sendo feita mas ainda de forma lenta. O empresário defende que esse processo
seja acelerado visando o mercado
externo. Pode vir a ser uma salvação para a agricultura familiar.
Transferir tecnologia
"O Brasil conseguiria ampliar sua produção se trouxesse tecnologias
existentes na Alemanha, na Suíça e em outros
países europeus" complementa o executivo. O interesse estratégico do Brasil
na produção de biodisel acaba sendo
complementado pelo interesse suíço em investir nesta área.
Tanto que o ministro da Agricultura brasileiro, Roberto Rodrigues, em visita
à Suíça, em outubro passado, fez questão de
mostrar o potencial nacional para a produção do produto. Para Moeri isso é
bastante positivo pois, segundo ele, as
barreiras da agricultura européia estão diminuindo nas últimas décadas, o
que beneficia o produtor brasileiro. "As
vantagens de produzir biodisel no Brasil só podem ser exploradas na medida
em que as tarifas alfandegárias sejam
reduzidas" afirma.
Centros de produção
Em se falando de exportação, Moeri acredita que o Brasil e a Argentina
tenham grande potencial para a produção e
comercialização mundial de biodisel. Mas o mais importante para ele, neste
momento, é que ambos os países tentem
substituir o próprio consumo de combustíveis minerais por
biocombustível.
Sobre o programa social que está sendo associado à produção de biodisel, ele
afirma que "é bem interessante a
implementação de unidades de produção em regiões de baixa renda para que
possam ajudar as famílias que vivem da
agricultura; porém, para se atender a demanda do mercado será necessário
instalar centros de produção de grande porte
que possibilitem a produção em escala com baixo custo".
Ele acrescenta que a matriz energética do Brasil (hidroelétricas) é a mais
sustentável e ecologicamente viável. O que o
país precisa melhorar é sua matriz de combustíveis e, para isso, o biodisel
é uma contribuição importante. Finaliza
dizendo que a Suíça tem total interesse no desenvolvimento deste tipo de
combustível.
(Swissinfo, 04/04/06)
http://www.swissinfo.org/spt/swissinfo.html?siteSect=105&sid=6600303&cKey=1144071865000