Abandono e proselitismo ecológico desativaram economia no Pantanal
2006-04-04
Desde a década de 80 que os governos, federal e estadual, praticamente não investem na região do Pantanal de acordo com o engenheiro Bento Porto, um dos autores do Programa de Desenvolvimento do Pantanal (Prodepan) aprovado no Governo do presidente Ernesto Giesel em 1974, quando José Fragelli era governador de Mato Grosso. Após 18 anos, Fragelli retorna à Cuiabá para participar da festa de aniversário do Estádio Verdão, por ele construído.
Naquela época, recorda Bento Porto, Gisel implantou importantes obras de infraestrutura, principalmente estradas e energia elétrica circundando o pantanal desde Itiquira até Cáceres. “Vale destacar a linha de energia elétrica de Cuiabá/Poconé /Cáceres e contribuiu para conclusão da estrada transpantaneira no trecho de Poconé/Porto Jofre”, frisa o engenheiro.
O abandono por parte dos governos e o proselitismo ecológico, na opinião de Bento Porto, desativou as atividades econômicas representadas pela pesca, mineração e a pecuária bovina que detinha 42% de todo rebanho do estado de Mato Grosso antes da divisão. “A criação de gado tem convivência harmoniosa por mais de 200 anos com a natureza daquela região”, acrescenta ele.
Ao longo das duas últimas décadas, destaca Bento Porto, diversos estudos foram elaborados, inclusive teses pela Universidade Federal de Mato Grosso e o BID Pantanal “que até agora, apesar da intensa propaganda, não decolou”.
Na opinião de Bento Porto, hoje a maior planície alagada do mundo virou "gasolina pura" pois, segundo ele, a impossibilidade de manejar as pastagens, outrora imensas pradarias de capim mimoso se transformaram num verdadeiro reduto de vegetação tipo erva daninha (assa-peixe, algodoeiro bravo, espinheiro e tantas outras) que na época de seca pode redundar num incêndio de grandes proporções com o fogo queimando onças, jacaré, capivaras, prejudicando toda cadeia alimentar e o ecossistema extraordinário do pantanal.
“O homem pantaneiro, matogrossense, tem a esperança de que algum governo possa dar atenção à região, que é patrimônio nacional pela Constituição Federal e da humanidade pelas Nações Unidas”, conclui o engenheiro.
(24 Horas News – MT, 02/04/06)