Sociedade civil faz balanço de sua participação na MOP 3 e COP 8
2006-04-04
Terminou no domingo (2/4), com um encontro informal entre representantes
de ONGs, da sociedade civil, parlamentares e jornalistas, o Fórum Global da
Sociedade Civil – Bem-Vindo ao Mundo Real. Durante o encontro, foi feito um
balanço e foram apresentadas algumas avaliações da MOP 3 do Protocolo de
Cartagena, e da COP 8 da Convenção da Diversidade Biológica (CDB).
No geral, segundo Temístocles Marcelos, secretário executivo do Fórum
Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento (FBOMS), tanto a MOP3 quanto a COP8 trouxeram decisões
importantes para a discussão dos produtos transgênicos. “Os setores do
agronegócio não conseguiram lograr êxito nas suas pretensões e nós, dos
movimentos sociais e das ONGs conseguimos manter um canal de diálogo com o
Ministro Figueiredo, do Ministério das Relações Exteriores, e com a ministra
Marina Silva, do Meio Ambiente”, avalia.
Para o deputado federal Fernando Ferro (PT), um evento deste porte,
envolvendo interesses corporativos de grandes países e companhias
transnacionais é um espaço de conflito e de conciliação. “Muitos destes
encontros, já trazem documentos escritos previamente para serem discutidos e
acordados pelas
partes”, explica. O deputado acredita que este debate não termina aqui e tem
que ser avaliado e discutido por toda a sociedade brasileira. Ele destaca o
importante papel, apesar de todas as limitações, realizado pelo Ministério do
Meio Ambiente, que tomou posições corajosas, que irão melhorar o meio ambiente
e ajudar na prsservação da biodiversidade. “Estamos discutindo a vida do
planeta e isto não é fácil”, alerta.
Já Renato Cunha, coordenador da Rede Mata Atlântica e do FBOMS, manifesta sua preocupação com a possibilidade de se transformar a biodiversidade em
commodity, ou produto, onde o patrimônio genético brasileiro passe a ser uma
mera mercadoria. “Não saiu nada que prevê recursos ou fundos para a proteção
desta biodiversidade”, questiona. Renato elogiou a distribuição de material
educativo realizada pelo Ministério do Meio Ambiente e a proteção dos biomas
nacionais, com a criação, nesta COP, do bioma dos Pampas.
Maria do Socorro Gonçalves, secretária executiva da Associação Alternativa
Terrazul, filiada do FBOMS, destacou a participação da sociedade civil nas
atividades paralelas e nas diversas manifestações realizadas no Expotrade, em
Pinhais, e no centro da cidade, em Curitiba. “Do ponto de vista da pressão
junto aos negociadores e da compreensão dos temas, é importante este tipo de
participação porque agrega valor a nossa luta e torna as lideranças mais
qualificadas”, enfatiza. Para Socorro, o MMA só conseguiu se contrapor à
posição do Ministério da Agricultura, graças à pressão dos Movimentos Sociais.
Números do Fórum Global da Sociedade Civil
Os eventos realizados pelo Fórum Global da Sociedade Civil foram organizados
pelo FBOMS e propostos por diversas ONGs e Movimentos Sociais de todo o Brasil e de outros países com o objetivo de fortalecer a sociedade civil para uma
intervenção efetiva nos processos decisórios da MOP3 e da COP8. O Fórum Global da Sociedade Civil foi o evento paralelo no qual ONGs, movimentos sociais e comunidades discutiram a real situação das questões relacionadas à conservação da biodiversidade.
Durante 18 dias, mais de 40 eventos foram realizados entre debates, painéis,
manifestações, reuniões e seminários; mais de 150 palestrantes e cerca de 6000
participantes prestigiaram a programação paralela. O uso da água e temas como
transgênicos, tecnologia Terminator e repartição de beneficios dominaram os
debates durante estes dias de MOP e COP em Curitiba. A Alemanha será a
anfitriã da MOP4, no próximo ano, e também sediará a COP9 daqui a dois anos.
(Assessoria de comunicação FBOMS/Fórum Global da Sociedade Civil,
03/04/06)
http://www.ecoagencia.com.br/index.php?option=content&task=view&id=1513&Itemid=2