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2006-04-03
Se não houver mobilização de entidades em defesa do meio ambiente e da saúde, tudo indica que será aprovada amanhã (terça-feira, 4/4), a Resolução 357/05 do Conama, que dispõe sobre a classificação dos corpos d´água, dá diretrizes ambientais para seu enquadramento e estabelece as condições e padrões para o lançamento de efluentes. Um item deste documento está alarmando os ambientalistas: o que trata dos índices de glifosato permitidos na água. O glifosato é um poderoso herbicida utilizado em lavouras transgênicas e seu uso vem sendo apontado como altamente prejudicial à saúde e ao meio ambiente.

Conforme o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam/SP), Carlos Bocuhy, em duas reuniões do grupo de trabalho que discute o assunto, “ninguém se manifestou - apenas a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), sem qualquer contestação por parte de funcionários do Ministério do Meio Ambiente e da Cetesb”, observa.

A reunião realizada no último dia 21/03 foi a 18ª da Câmara Técnica de Controle e Qualidade Ambiental do Ibama. A partir dela ficou pendente o processo nº 02000.003641/2005-64, relativo à atualização dos padrões do parâmetro glifosato. Segundo a presidente da Agapan/RS, Edi Xavier Fonseca, a questão está relacionada a modificações na antiga Resolução Conama 020, a qual há dois anos vem sendo objeto de discussão, tendo sido votada a sua substituição, em 2005, pela Resolução 357. O documento trata de diversos parâmetros de emissão de poluentes permitidos para corpos d´água salinos, não salinos e águas salobras. No que diz respeito ao glifosato, discute-se o aumento do índice em sete a oito vezes. “A indústria quer padrões mais flexíveis de emissão de poluentes”, assinala Edi.

De acordo com o agrônomo Sebastião Pinheiro, também integrante da Agapan/RS, “está havendo um verdadeiro assalto à cidadania, à moral e à qualidade de vida”, pois apenas a presença de glifosato na água já é algo condenável, quanto mais discutir o teor. Pinheiro ressalta que a discussão que está ocorrendo no Conama é ancorada nos interesses de grandes indústrias e da agroindústria, algumas delas “financiadas com dinheiro do BNDES”. O índice proposto para presença de glifosato, conforme a Resolução 357/05, é de 65 microgramas por litro. Uma das alegações de parte da indústria, conforme Pinheiro, seria que países como Canadá apresentam parâmetro de 700 microgramas por litro para esta substância. Mas este tipo de comparação, afirma Pinheiro, não é possível, dada as realidades diferentes de ambos os países. Ou seja, devem ser levados em conta outros fatores, tecnológicos e ambientais, por exemplo, e não apenas o padrão de emissão.

Pinheiro destaca que os níveis de uso do glifosato — também conhecido como roundup ready — aumentaram 600% em dez anos na Argentina, e 200% no Brasil, no mesmo período. A tendência é de ampliação do uso do herbicida, assinala. “A seca do verão deste ano mostrou, em Porto Alegre, um fenômeno cuja causa não foi corretamente divulgada pela imprensa, que é o do crescimento das algas intensificado pela presença do glifosato”, diz. De acordo com o agrônomo, a proliferação das algas, apesar de ser comum com a falta de oxigênio na água, torna-se mais aguda em razão do roundup.

Efeitos
Um documento divulgado em outubro de 2003 pelo deputado estadual Frei Sérgio Görgen e pelo engenheiro agrônomo Enio Guterres, de Porto Alegre (RS), informa que o resíduo de glifosato persiste no solo, na água e nos alimentos. “Recentemente a Dinamarca restringiu o seu uso pois foram constatados resíduos em água subterrânea”, afirma a nota. Guterres detalha que na degradação do glifosato, um dos seus subprodutos – um metabólito chamado AMPA – é mais nocivo que o próprio glifosato e foi encontrado em carpas 90 dias após a aplicação do herbicida. “Os produtos à base de glifosato são altamente tóxicos para pessoas e animais. Entre os sintomas mais comuns citam-se irritação nos olhos e pele, dor de cabeça, náuseas, entorpecimento, elevação da pressão arterial, palpitações e alergias agudas e crônicas”, atesta o documento.

Resultados de testes
Guterres aponta os seguintes efeitos do glifosato, a partir de testes de laboratórios:

Abortos: Um estudo em Ontario, Canadá, detectou que o uso de glifosato pelos pais acarretou aumento no número de abortos e nascimentos prematuros nas famílias rurais. Estudos laboratoriais também demonstraram inúmeros efeitos do glifosato sobre a reprodução. Redução dos espermatozóides em ratos; maior freqüência de espermatozóides anormais e redução do peso fetal em coelhos. Mas recentemente, na Argentina, estudos indicaram que as pessoas expostas a agrotóxicos têm a quantidade de esperma abaixo do limite da fertilidade.

Carcinogenicidade: Maior freqüência de tumores no fígado de ratos e câncer de tiróide em ratas, tumores no pâncreas e fígado em ratos machos e do mesmo tipo de câncer da tiróide em fêmeas. Na Suécia, dois pesquisadores encontraram fortes indícios ligando exposição freqüente ao glifosato com o linfoma No-Hodking, uma espécie de leucemia.

Mutagenicidade: Tanto o glifosato como os produtos à base de glifosato são mutagênicos – testes de laboratórios comprovaram alterações genéticas indesejáveis. Lesões em glândulas salivares, inflamações nas mucosas do estômago, danos genéticos (em células sangüíneas do corpo humano), e outros. Um recente estudo na UNICAMP, demonstrou que 61% das intoxicações com agrotóxico no Brasil, entre 1996 e 2000, são devido a manipulações com glifosato.
Por Cláudia Viegas

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