Megaprojetos de infra-estrutura ameaçam biomas sul-americanos
2006-04-03
Biomas como a Amazônia, o Pantanal e o trecho binacional da bacia do rio Uruguai poderão ser drasticamente alterados caso projetos como o Complexo do rio Madeira, a Hidrovia Paraguai-Paraná e o Complexo Garabi sejam implementados como estão sendo propostos pelos 12 governos sul-americanos no âmbito da Iniciativa de Integração Regional Sul-americana, IIRSA.
O assunto infra-estrutura na América do Sul será um dos pontos mais discutidos durante a 47ª Assembléia Anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID que acontece até o próximo dia 5 de Abril, em Belo Horizonte.
Representantes da sociedade civil do Continente Americano estão acompanhando a reunião oficial e questionando diretores do banco sobre o processo de reestruturação da instituição, neste momento em que, após 17 anos, foi eleito um novo presidente; a implementação de projetos IIRSA, sem ampla discussão com as comunidades atingidas e a sociedade dos países e as “novas” políticas da instituição.
Por outro lado, fora do evento oficial, representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens, MAB, estão realizando caminhada de mais de 200 Km, em direção a Belo Horizonte, mas podem ser impedidos de entrar na cidade dia 1° de Abril, quando está prevista a chegada da marcha “Contra o BID e por preço justo nas contas de luz”. Outros movimentos sociais da região que pretendem organizar eventos paralelos também informam que o governo municipal e estudual promete impedir a realização de seus seminários.
O BID, em conjunto com outras instituições financeiras, vem apoiando desde 2000, a IIRSA. Esta iniciativa de integração física possui mais de 300 projetos em sua carteira, tendo entre estes, dois empreendimentos hidrelétricos planejados para a região Amazônica: Jirau (3900 MW) e Santo Antônio (3580 MW), ambos no rio Madeira. Caso construídas estas duas represas vão inundar 550 Km² de florestas, expulsando milhares de famílias de seus territórios e 33 espécies ameaçadas de mamíferos que vivem na área. Projetos como estes demonstram o caminho inverso à lógica da sustentabilidade, com exploração do patrimônio natural para suprir as demandas de grandes indústrias.
(Núcleo Amigos da Terra, 01/04/06)