Caminho das Águas vai unir UCs de Santa Catarina
2006-04-03
Santa Catarina pode ganhar o primeiro corredor ecológico estadual. Os técnicos da Fundação do Meio Ambiente (Fatma) estão desenvolvendo o Projeto Corredor das Águas, que pretende interligar, por meio dos divisores de água do Estado, as unidades de conservação de Sul a Norte, passando pelo interior de Santa Catarina. Os corredores ecológicos têm se mostrado importantes unidades ambientais de planejamento para a conservação da biodiversidade. Entre seus objetivos, ele visa a harmonizar a paisagem nos seus mais diferentes usos, com áreas naturais protegidas. Sempre levando em conta o uso sustentável dos recursos naturais contidos na sua área de abrangência.
A proposta do Caminho das Água é a conexão entre os ecossistemas da vertente do Atlântico e os da vertente do interior. A Fatma também pretende discutir com a sociedade propostas para o estabelecimento de um zoneamento territorial na área definida. O corredor deve ser criado por decreto do governador. Ele segue no sentido Sul-Norte, com largura de 500 metros para cada lado, abrangendo 41 municípios em 820 quilômetros de extensão, iniciando em Praia Grande, no Sul do Estado), e terminando em Garuva, no Norte. "A sua implantação será fácil, uma vez que está inserido em áreas de preservação, o que não implica indenizações. E vai interligar além das áreas de preservação permanente (APAs), reservas e parques estaduais e nacionais, além das reservas particulares de preservação natural (RPPN)", explicou o geógrafo da Fatma, João Luiz Godinho, que participa da elaboração do Corredor das Águas. Ele acrescenta que para evitar conflitos com proprietários de terras, o traçado pode ser alterado em algumas regiões. "Pode se fazer um desvio para evitar conflitos", disse.
Isolamento - A pura e simples criação de uma unidade de conservação significa que as espécies de fauna e flora estejam protegidas e preservadas. Segundo Godinho, muitas vezes essas unidades estão isoladas de outras áreas, e esse isolamento pode levar à extinção de uma espécie, pois não há troca de biodiversidade. "Por exemplo, no Campo dos Padres temos uma espécie endêmica de ave. É o taipeiro ou pedreiro, da família do joão-de-barro que só vive ali e no Rio Grande do Sul. É preciso preservá-lo e permitir a troca genética", afirmou. O Corredor das Águas foi dividido em cinco setores.
Agora, os pesquisadores da Fatma vão desenvolver projetos para a implementação do corredor. "A intenção dessa divisão foi facilitar e agilizar o trabalho dos pesquisadores que vão estudar cada um, saber suas deficiências e potenciais e apresentar propostas de manejo", enfatiza o geógrafo. Esse é um trabalho a longo prazo, e Godinho acredita que o corredor deva sair do papel em cerca de cinco anos.
(A Notícia, 03/04/06)