Angra 3 ainda precisará de R$ 7,2 bilhões para entrar em operação, diz técnico
2006-03-31
Os gastos do governo brasileiro para preservação, seguro e garantia técnica dos equipamentos mecânicos adquiridos para a usina de Angra 3 por cerca de US$ 750 milhões (pouco mais de R$ 1,7 bilhão) somam atualmente cerca de R$ 20 milhões por ano. A estimativa é de Leonam dos Santos Guimarães, assistente da presidência da Eletronuclear, empresa do grupo Eletrobrás responsável pela administração das usinas nucleares no país.
Segundo Guimarães, para construir a usina de Angra 3 serão necessários investimentos de R$ 7,184 bilhões, para que ela entre em funcionamento em janeiro de 2013, com capacidade de geração de 1.350 megawatts (MW) de energia. O especialista da Eletronuclear disse ainda que 70,6% do orçamento para a construção de Angra 3 será efetuado em moeda nacional.
Leonam Guimarães revelou que a energia que poderá vir a ser gerada por Angra 3 está muito próxima, em termos de preços, do que já vem sendo praticado hoje no sistema. A tarifa de equilíbrio calculada pelo Ministério de Minas e Energia para quando a usina começar a operar, da ordem de R$ 136,48 por megawatt-hora (MWh), é compatível com os preços finais das usinas térmicas contratadas no leilão de energia nova realizado em dezembro do ano passado, que atingiram R$ 132,26/MWh para 2008.
Tendo como referência a usina de Angra 2, pode-se dizer que o projeto de Angra 3 se encontra 30% concluído, disse Guimarães. Ele disse ainda que, após Angra 3, as usinas de geração de energia no Brasil terão de ser avaliadas sob a ótica da modicidade tarifária e da confiabilidade. Isso significa que as usinas terão de atender à demanda com menor preço ao consumidor, estabelecido por meio de um mix de fontes confiáveis no fornecimento, e com equilíbrio entre oferta e consumo.
Guimarães explicou que o Brasil tem necessidade de expandir a oferta para atender à demanda projetada em cerca de três mil megawatts por ano e que, hoje, no mundo, cerca de 20% da energia provém de fontes nucleares. "Não existe um modo de produção de energia melhor do que outro. Existem modos complementares. As vantagens e desvantagens decorrem do lugar onde a eletricidade vai ser gerada. A fonte de energia nuclear é uma solução de engenharia que viabiliza um negócio."
As afirmações de Guimarães foram feitas durante o 1º Seminário sobre Energia Elétrica para Jornalistas, em Furnas Centrais Elétricas.
(Radiobras, 30/03/06)