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2006-03-31
Mato Grosso sai na liderança para certificar suas propriedades rurais de algodão com o selo internacional SA8000, um reconhecimento de que o produto foi produzido em conformidade com as leis ambientais e trabalhistas. O Instituto Algodão Social (IAS), da Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), já fez diagnóstico em 167 fazendas das 600 existentes no Estado e atendeu a 151 cotonicultores dos 300 agricultores. O diagnóstico deve ser concluído até o final do ano.

Em maio, as cinco primeiras fazendas devem receber a pré-certificação. Segundo o diretor executivo Félix Balaniuc, essas áreas foram escolhidas porque já estão em fase adiantada no processo de adequação às normas legais.

Nas áreas visitadas, as principais irregularidades identificadas foram carga horária exaustiva e desconhecimento das Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aqüicultura (NR31), publicada em março deste ano.

Ontem, o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Peter Graham, e o diretor da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Pocho Silvera, vieram conhecer as ações do IAS.

"Desde 2002, as propriedades de algodão em Mato Grosso não registram ocorrência de mão-de-obra escrava, porém, detectamos situações que precisam ser mudadas para obter o certificado social e ambiental", observou Balaniuc.

Exigências - De acordo com ele, para receber o selo SA8000, os produtores terão que cumprir uma série de exigências, como não ter trabalho escravo e infantil; respeitar as normas de segurança, saúde e ambiente; ter uma gestão ambiental; respeitas as leis trabalhistas, entre outras.

O IAS dividiu os trabalhos em três fases: diagnóstico, monitoramento e pré-certificação. "Estamos levando conhecimento aos produtores, para que seu produto tenha credibilidade no mercado internacional e não sejam surpreendidos com alguma restrição social ou ambiental", observou o presidente do Instituto, José Pupin.

Segundo o presidente da Anea, com essa iniciativa Mato Grosso mostra mais uma vez sua liderança no setor. "O Brasil vem incomodando os concorrentes produtores de algodão. Por isso, há uma tendência a criar restrições pelo desrespeito às questões trabalhistas e do meio ambiente. Com essa atitude, Mato Grosso toma a frente do processo", ponderou o presidente Graham, da Anea.

De acordo com o diretor da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT), Pocho Silvera, alguns países não querem mais comprar tecido do Brasil que tenha origem em regiões produtoras escravagistas, por isso, esse trabalho para certificação das propriedades é fundamental.
(Folha do Estado – MT, 30/03/06)

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