Ativistas criticam processo de decisão na COP8
2006-03-31
A regra de que qualquer medida a ser implementada pelos países que participam da Convenção da Diversidade Biológica (CDB) tenha de ser aprovado por consenso só é vantajosa para os países desenvolvidos e para os interesses privados, que têm usado esta norma e a falta natural de unidade entre os países em relação a alguns temas discutidos nas conferências sobre biodiversidade para atrasar ou até mesmo impedir a tomada de decisões que restrinjam seus lucros.
É o que defenderam o professor e ex-presidente da Funai, Carlos Frederico Marés e Martin Kaiser, ativista do Greenpeace Internacional. Para Marés, exemplos disso são a lentidão em se definir políticas mais rígidas de proteção à biodiversidade e a dificuldade em implementar uma política clara de acesso aos recursos naturais e a repartição dos recursos oriundos de sua industrialização.
“O consenso é impossível e sempre será, é natural. Até porque os países são, por exemplo, fortes quando discutem o acesso e frágeis para discutir o acesso aos benefícios”, afirmou.
Ele defendeu mudanças na forma de votação das propostas. Uma delas é que a implementação fosse adotada a partir do voto da maioria. “Não é possível que medidas importantes não avancem porque um país se opõe à vontade de outros 182. O que também precisamos discutir é se o modelo não é assim propositalmente. A vontade de alguns em detrimento do interesse da maioria”, explica.
O ativista Martin Kaiser, da organização ambientalista Greenpeace, disse que a Organização Mundial do Comércio barra a aprovação de alguns temas de interesse dos países em desenvolvimento e megadiversos. “O sentimento geral é que não estamos avançando. É cínica a proposta que, depois de longas jornadas anteriores, alguns países tentem impedir os avanços como a nítida intenção de empurrar as decisões para futuras COPs. Defendo que deveríamos identificar os países que estão bloqueando as convenções e quais seus verdadeiros interesses”, defendeu.
Por Valdeci Lizarte, Assessoria de Imprensa COP8/MOP3