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2006-03-31
Um grupo de trabalho (GT) vai se dedicar, a partir de agora, a estudar ações que possam garantir a preservação do Pampa, bioma que se estende por 63% do território do Rio Grande do Sul. O GT foi criado ontem (quinta-feira, 30/03)) pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em solenidade realizada no estande do ministério na 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8), que ocorre na região metropolitana de Curitiba.

O pastoreio, atividade comum no estado gaúcho, por muito tempo protegeu o bioma. Porém, o avanço da degradação ambiental, causado pela expansão da agricultura, pela substituição da vegetação nativa por gramíneas exóticas e pela intensa exploração florestal, fez com que o Pampa se transformasse num bioma ameaçado. "O Pantanal nos hidrata. A Caatinga nos esquenta. O Cerrado e a Mata Atlântica nos vestem. A Amazônia nos guarda e o Pampa nos exibe. Ele exibe as belezas e riquezas do Brasil. E agora temos uma agenda vigorosa para protegê-lo", disse Marina Silva. Caracterizados por grandes áreas cobertas por campos, entremeadas por capões de mata, matas ciliares e banhados, os ecossistemas do Pampa são compartilhados entre Uruguai, Argentina e Brasil, abrangendo uma área total de 700 mil Km2. Estima-se que somente 1% da porção brasileira está protegida na forma de unidades de conservação (UCs). A exemplo de ações adotadas para outros biomas no Brasil, um conjunto de medidas está sendo desenvolvidas para contemplar as necessidades da região.

Apesar de apresentar vegetação pouco exuberante e de estrutura mais simples, se comparados às florestas e às savanas, os campos têm importante contribuição na preservação da biodiversidade, principalmente por atenuar o efeito estufa e auxiliar no controle da erosão. Na parte brasileira do bioma, existem cerca de 3 mil espécies de plantas vasculares, sendo que aproximadamente 400 são gramíneas, pelo menos 385 espécies de aves e 90 de mamíferos terrestres.

Além da criação do GT, que será formado por 9 representantes dos governos federal, estadual e municipais e outros 9 integrantes indicados pela sociedade civil, comunidade acadêmica e outros segmentos, o ministério também deverá divulgar, até agosto, o mapeamento dos remanescentes do Pampa. Ainda está sendo feita uma revisão das áreas prioritárias para a conservação, uso sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade na região. A gerência-executiva do Ibama no estado está analisando as demandas locais. O Brasil também está envolvido, ao lado da Argentina e do Uruguai, na elaboração de um programa comum para atender as necessidades do Pampa. Para isso, os três países contam com apoio do PNUMA.

Em seu discurso, Marina destacou a importância de o governo promover a integração dos biomas. Segundo ela, essa foi uma de suas prioridades ao assumir a pasta do Meio Ambiente. "Precisávamos horizontalizar as ações, fazendo com que atingissem todos os biomas", explicou. As medidas adotadas para o Pampa fazem parte dessa política.

A solenidade ainda contou com o lançamento do livro Lutzenberger e a Paisagem, do fotógrafo Paulo Backes, com a apresentação de Gilberto Monteiro, na gaita, e Paulo da Rosa, no violão, e com uma roda de chimarrão promovida pelo Movimento Tradicionalista do Paraná.
Por Marluza Mattos, Ministério do Meio Ambiente.

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