Bioterrorismo da Al-Qaeda ainda é ameaça real, diz Interpol
2006-03-29
A Al-Qaeda possui a habilidade de realizar ataques usando armas bioquímicas, e a ameaça representada por esse tipo de ataque continua sendo real, afirmou uma autoridade da Interpol na quarta-feira (29/03). John Abbott, presidente da subcomissão de bioterrorismo da Interpol, disse que as forças nacionais de polícia e os serviços de saúde não dispunham da preparação necessária para responder a um ataque feito com toxinas perigosas e que tinham pouco poder e conhecimento para agir em um caso desses.
"Há uma ameaça. A Al-Qaeda deixou claro que eles consideram aceitável a possibilidade de usar agentes químicos e biológicos. Houve alguns poucos casos em todo o mundo, nos últimos tempos, sugerindo que essa capacidade existe", disse Abbott. "Acredito que qualquer pessoa disposta a avaliar cuidadosamente a questão reconhecerá que é uma atitude complacente assumir que estamos preparados para qualquer coisa. Os criminosos e os terroristas são inventivos", acrescentou em declarações dadas à Reuters.
Abbott participava de uma conferência, na Ásia, junto com autoridades de forças de segurança e especialistas da área de saúde. Serviços de segurança advertem há bastante tempo sobre o risco de a Al-Qaeda realizar um ataque com armas biológicas como o antraz, a ricina, a botulina, a varíola ou o Ebola. Manuais da Al-Qaeda sobre a preparação de agentes de guerra biológica foram descobertos em campos de treinamento do grupo no Afeganistão depois da invasão norte-americana, ocorrida no final de 2001.
A Interpol, órgão mundial de polícia, intensificou o treinamento de forças policiais a respeito de como responder a um ataque com agentes biológicos, que geralmente demora algum tempo para ser notado. Segundo Abbott, muitos países ainda não têm leis para permitir que as autoridades investiguem ameaças em potencial tais como o movimento de agentes patogênicos dentro de países e através da fronteira.
"É necessário criminalizar certas atividades. Não queremos atrapalhar o desenvolvimento das biociências. O que queremos é impedir que as pessoas desejosas de abusar dos desenvolvimentos das biociências não possam fazê-lo", disse. A Interpol criou no ano passado um centro para compartilhar informações entre forças policiais, órgãos da área de saúde e cientistas dos países membros sobre ameaças e procedimentos recomendados.
(Reuters, 29/03/06)
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