Tese sobre Jornalismo defende Consumo Sustentável
2006-03-30
Em tese defendida na tarde da última terça-feira, no auditório Lupe Cotrin da Escola de Comunicação e Artes –ECA da Universidade de São Paulo, o professor de jornalismo da FAAC/UNESP de Bauru, Pedro Celso Campos, alertou para o consumo descontrolado que gera sobrecarga para o
meio ambiente. Segundo o pesquisador, a imprensa pode desempenhar importante papel na educação para o consumo sustentável pautando mais e melhor a questão ambiental, através do jornalismo de investigação que mostra não apenas o fato, mas suas origens e suas conseqüências, o que levaria as pessoas a refletirem um pouco mais sobre o consumo supérfluo.
Com 324 páginas, dividida em 10 capítulos, a tese foi produzida a partir de pesquisa realizada no primeiro semestre de 2005 nos jornais Folha de S. Paulo e Jornal da Cidade (de Bauru), sob o título “Jornalismo Ambiental e Consumo Sustentável – Proposta de Comunicação Integrada para a Educação Permanente”. A proposta do professor da Unesp é que a mídia possa ser uma instância de educação não formal ao exercer seu papel de formadora de opinião na
sociedade, o que exigira uma linguagem jornalística mais contextualizada sobre o tema ambiental.
Na pesquisa, o jornalista constatou que as fontes de notícia sobre meio ambiente são principalmente da área pública, restando pouco espaço para a manifestação direta da própria sociedade. Também apurou que praticamente inexistem matérias voltadas para a questão do consumo, pelo menos com preocupação de conscientizar, educar etc. “No entanto” – diz Pedro – “o consumo consciente acaba sendo um gesto político a favor da preservação do planeta. É possível notar que a mídia também quer participar do grande esforço de todos por um mundo mais limpo, mas falta, talvez, os próprios jornalistas se interessarem mais pela questão”.
Pedro Celso Campos escolheu os estudantes de jornalismo como público-alvo de sua tese de doutorado por acreditar que através de uma formação sistêmica, que leve o estudante a questionar e julgar o mundo ao invés de apenas testemunhá-lo com relatos frios e superficiais, será possível imaginar o cenário futuro de um jornalismo decididamente interessado na luta em defesa do meio ambiente. “Para tanto”- acrescenta - “é necessário que o estudante adote a abordagem do mundo complexo - como descrito em Edgar Morin - desenvolva seu potencial crítico e, principalmente, aprenda a tirar da cabeça os velhos paradigmas da objetividade, da neutralidade ou da imparcialidade, visto que o profissional deve colocar vida na sua matéria, trabalhando a emoção, os sentimentos, os contornos humanos que envolvem o fato para contar boas histórias com o coração e não apenas com a razão. Ser
honesto na produção da notícia nem sempre significa concordar com ela.
A banca de Pedro Celso Campos foi presidida pelo seu orientador, professor Luiz Barco; pelo Chefe do Departamento de Jornalismo da ECA, professor José Coelho Sobrinho; pelo professor Edvaldo Pereira Lima, todos da USP, pelo diretor da FAAC/UNESP, professor Antonio Carlos de Jesus, e pelo professor Zarcillo Barbosa. No relatório final a banca recomendou a publicação da pesquisa. (Mais detalhes com pcampos@faac.unesp.br)
(Envolverde/O autor, 29/03/06)