Proteção ambiental deve integrar os ODM
2006-03-30
Se o mundo não cumprir a meta estabelecida pela Convenção sobre Diversidade Biológica e reduzir significativamente a perda de biodiversidade até 2010, será muito difícil também atingir, em 2015, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio — uma série de metas estabelecidas pela ONU na Cúpula do Milênio, em 2000. O alerta foi feito em um evento do PNUD durante a COP 8 (Oitava Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica), em Curitiba.
A meta de redução da perda de biodiversidade foi adotada na COP 6, realizada em Haia (Holanda), em 2002. No mesmo ano, a necessidade de cumpri-la foi reforçada na Cúpula de Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+10, em Johannesburgo (África do Sul). A reunião seguinte da Convenção, a COP 7, na capital da Malásia, Kuala Lumpur, definiu que essa meta deveria se integrar ao Objetivo do Milênio de número 7, que visa garantir a sustentabilidade ambiental.
O debate promovido pelo PNUD visava lembrar às nações signatárias da Convenção a importância da integração entre os dois compromissos. Para isso, usou o exemplo de seis países que já integram, às suas políticas de promoção aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, as ações de proteção à biodiversidade: Brasil, África do Sul, Filipinas, Maldivas, Malásia e Tanzânia.
Pelo Brasil, quem falou foi o diretor de programa da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Paulo Kageyama. Kageyama afirmou que o governo pretende ampliar o número de Centros Irradiadores de Manejo da Agrobiodiversidade, criados por uma parceria entre os ministérios do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Agrária e o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Atualmente, há 11 centros desse tipo em nove Estados do país, atingindo 5 mil famílias. A meta do governo federal é levar as unidades a mais 11 locais, chegando a 15 Estados e 10 mil famílias.
Kageyama destacou que a experiência brasileira comprova que proteger a biodiversidade também é uma forma de combater a pobreza e a desigualdade social. “Estimular o desenvolvimento sustentável conserva a natureza e ao mesmo tempo gera renda nas comunidades tradicionais”, afirmou o diretor.
O consultor-técnico do PNUD sobre biodiversidade, John Hough, reforçou a necessidade de incluir a biodiversidade nas estratégias nacionais em prol dos Objetivos do Milênio. “Com isso, temos mais impacto em nossas atividades”, afirmou.
(PNUD Brasil, 28/03/06)