Os 15 membros do CS - Conselho de Segurança da ONU - Organização das Nações Unidas deram 30 dias para que o governo do Irã suspenda as atividades de enriquecimento de urânio, em uma declaração adotada por unanimidade na quarta-feira (29/03) em Nova York (EUA). A reunião aconteceu logo após os cinco membros permanentes do CS (EUA, Reino Unido, Rússia, China e França) terem alcançado um acordo sobre o programa nuclear iraniano, depois de três semanas de difíceis negociações.

O texto fez importantes concessões para Rússia e China, que estavam preocupados em evitar que a linguagem utilizada pudesse levar posteriormente à adoção de sanções contra Teerã. O embaixador dos EUA na ONU, John Bolton, se mostrou satisfeito com o acordo relacionado à declaração que foi alcançada. Para ele, isso significa uma forma de pressionar o Irã a "suspender suas operações de enriquecimento de urânio e de processamento de plutônio". "A declaração manda uma mensagem clara", declarou Bolton. Segundo ele, os passos a serem tomados diante de uma possível resistência do Irã em cumprir as exigências serão estudados na reunião ministerial de amanhã em Berlim.

A reunião terá a participação dos ministros de Relações Exteriores de EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha. Eles debaterão propostas para solucionar a crise iraniana a longo prazo. O embaixador da Rússia, Andrey Denisov, foi cauteloso na hora de expressar sua satisfação com o acordo alcançado no texto do documento e expressou seu desejo de que os outros dez membros do CS se juntem ao consenso. "A elaboração da resolução é como um prato de cozinha. A linguagem poderia ser melhor. Mas, é o apropriado neste momento. Reflete a preocupação dos membros do conselho", declarou Denisov.

Rússia e China se opuseram a que a declaração significasse futuras ações coercitivas contra o Irã, como a imposição de sanções. Os dois países temiam que Teerã reagisse de forma negativa e decidisse sair do TNP - Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. "Elaboramos um documento que envia uma mensagem clara ao Irã, de que todos estamos muito preocupados com seu programa nuclear", disse Denisov. Segundo o diplomata russo, a maior exigência na declaração presidencial é que as autoridades iranianas "devem deixar que sejam esclarecidas todas as dúvidas relacionadas aos propósitos do seu programa nuclear".
(Folha Online, 29/03/06)
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