COP 8: definições adiadas
2006-03-29
O possível início das negociações em torno de um regime internacional de acesso e repartição dos benefícios oriundos do uso de recursos genéticos ficou para hoje, no âmbito da 8ª Conferência das Partes da Convenção da Diversidade Biológica. O assunto será levado a uma reunião de um "grupo de contato" que tentará desatar os nós que impedem o avanço do tema. O dia de ontem, antes considerado decisivo para que esta e outras questões, como o uso de conhecimentos de populações indígenas e quilombolas, por exemplo, se encerrou sem progresso.
Os debates quanto ao regime internacional de acesso a recursos genéticos, conhecido como ABS (do inglês Access to Genetic Resources and Benefit-sharing) continuam polarizados na COP8 entre as posições de países desenvolvidos e nações megadiversas e populações tradicionais.
Para alguns, um texto produzido na reunião de fevereiro em Granada (Espanha) não deve ser a base de negociação do regime. O documento está repleto de colchetes, que marcam falta de consenso, mas em tese possibilitaria o início das
negociações sobre objetivos e formato do regime. Para outros, a base para discussão do regime seria um texto oriundo da reunião de Bangkok (Tailândia), realizada em fevereiro de 2005, considerado confuso pelos megadiversos.
O samba da diversidade
Com pouco avanço nas negociações, uma manifestação organizada pelo Greenpeace nas ruas de Curitiba. ganhou destaque ontem (28/03). Cerca de duas mil crianças participaram fantasiadas e carregando faixas e cartazes com mensagens em diferentes línguas. As crianças pediam uma chance para o futuro para a vida no planeta cantando um samba.
A intenção era chamar a atenção dos representantes dos governos que participam da 8a Conferência da Partes da Convenção sobre Biodiversidade (COP8) sobre a urgente necessidade de proteger florestas e oceanos.
Durante o desfile, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, encontrou-se com os manifestantes mirins. Em seu pronunciamento, ela pediu mais respeito com todas as formas de vida na natureza. “Se não mudarmos agora, é possível que o processo de destruição seja tão terrível que vamos comprometer o futuro das gerações que ainda nem nasceram. E nós não temos esse direito”, afirmou.
Hoje a ministra do Meio Ambiente se encontra com ministros dos demais países do Mercosul para traçar estratégia comum de diversidade biológica. Na reunião será lançado o documento de estratégia da biodiversidade para o Mercosul.
Por Aldem Bourscheit e Marina Koçouski, Assessoria de Imprensa COP8/MOP3