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2006-03-29
O livro“Mata Atlântica – Uma rede pela floresta” foi lançado ontem, 28 de março, no estande da Natura, no Expo Trade, em Curitiba. Para a jornalista Maura Campanili, uma das organizadoras do livro, há várias experiências positivas de conservação e recuperação do bioma. “Elas podem motivar a multiplicação de boas práticas”, acrescenta.

“A rede não está apenas no nome, a obra foi feita em rede”, comenta outra organizadora, a coordenadora geral da Rede de ONGs da Mata Atlântica, Miriam Prochnow. Colaboradores de todos os Estados com ocorrência do bioma enviaram textos. Não é uma obra acadêmica, e tem o objetivo de aproximar a realidade dos diferentes ecossistemas da Mata Atlântica.

O lançamento contou com a presença dos colaboradores e diversas autoridades, entre elas o presidente do Ibama, Marcus Barros. Miriam Prochnow aproveitou a oportunidade e reforçou a importância da implantação das Unidades de Conservação criadas recentemente no Paraná e e Santa Catarina. “Quando assumirão os chefes das novas UCs?”, indagou. Os decretos de criação da Reserva Biológica das Araucárias e o Parque Nacional dos Campos Gerais saíram no Diário Oficial do último dia 24/03. Já as áreas de Santa Catarina - o Parque Nacional das Araucárias, em Ponte Serrada e Passos Maia, com 12.841 hectares e a Estação Ecológica da Mata Preta, em Abelardo Luz, com 6.563 hectares - foram criadas em outubro de 2005 e até hoje não dispõe de recursos humanos.

O público prestigiou o lançamento, onde também foi anunciada a publicação Zoneamento Ecológico-Econômico à Luz dos Direitos Socioambientais, da editora Juruá, de autoria de André Lima, advogado do Instituto Socioambiental (ISA). (Informações da RMA)

Mata Atlântica – Uma rede pela floresta pode ser adquirido com a própria RMA, pelo site www.rma.org.br. Cada entidade da RMA receberá um exemplar do livro. Para membros de entidades filiadas o preço é R$40,00. Para estudantes, o valor é R$ 45,00 e R$50,00 para o público em geral.

Bravura verde
Desde 1970, nomes consagrados do meio científico e ambiental, como Paulo Nogueira-Neto e Ibsen de Gusmão Câmara, carregam a bandeira da preservação da Mata Atlântica, ecossistema que conta com apenas 7% da sua cobertura vegetal – ou 15%, de acordo com cálculos recentes feitos pelo Instituto Florestal de São Paulo, que consideram fragmentos menores. Mas os esforços pela preservação, apesar das inúmeras pressões que ainda existem, começam a ser recompensados.

“Estudos em andamento, que serão divulgados até o meio do ano, mostram que existe um processo de regeneração importante, pelo menos em algumas áreas específicas”, disse à Agência FAPESP a ambientalista Miriam Prochnow, uma das autoras do livro.

A obra, publicada pela Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA), reúne textos de acadêmicos e representantes do terceiro setor e oferece ao leitor acesso a um panorama detalhado da situação do bioma nos 17 estados em que ocorre no Brasil.

“Em regiões como o Vale do Ribeira, no sul de São Paulo, ou o Vale do Itajaí, no interior de Santa Catarina, há fragmentos regenerados. Claro que não são florestas primárias, mas são áreas em recuperação”, explica Miriam. Ainda que as notícias sejam positivas, em termos de preservação da biodiversidade brasileira os resultados não podem ser extrapoladados para todas as regiões.

“Apesar de a floresta ser corajosa, e insistir em sobreviver, algumas regiões ainda registram grandes áreas de desmatamento. Uma delas, por exemplo, está na divisa do Paraná com Santa Catarina, onde existe um grande impacto sobre as florestas de araucária”, explica a também coordenadora geral da RMA, que reune 372 organizações não-governamentais.

As surpresas vindas da Mata Atlântica nos últimos anos surgiram basicamente de projetos científicos, como também mostra o livro. “Ainda há muito a descobrir, mesmo com a área reduzida do bioma”, disse Miriam. Uma das próximas novidades, segundo a autora, pode vir do Sul. “Tudo indica que duas novas espécies de bromélias foram descobertas entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina”, adianta.

No dia 25/03, centenas de pessoas participaram de mobilização no centro de Curitiba pedindo principalmente pela aprovação do Projeto de Lei da Mata Atlântica, que tramita há 13 anos no Congresso. O texto, que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa da Mata Atlântica, foi aprovado no Senado em 14 de fevereiro e entrou na pauta da Câmara dos Deputados nesta terça-feira.
Por Eduardo Geraque, Agência FAPESP

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