Estudo avalia potencial para o cultivo da cana
2006-03-29
A Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) e a Emater estão
avaliando regiões potenciais para a produção de cana-de-açúcar no Rio Grande do
Sul. A intenção é elevar a área plantada e a produtividade da cultura. Hoje, os
produtores gaúchos respondem pelo plantio de 32 mil hectares de cana, que
apresentam rendimento médio de 28 toneladas por hectare. Em outros estados
produtores, como São Paulo e Paraná, a produtividade alcança 85 toneladas e 70
toneladas por hectare, respectivamente. “Acreditamos que o Rio Grande do Sul
pode alcançar a auto-suficiência no álcool em um período de cinco anos”, estima
o engenheiro agrônomo Wilson Caetano, coordenador da divisão de produção e
prestação de serviços da Fepagro. O consumo de álcool destinado ao combustível
no Rio Grande do Sul é calculado em 50 milhões de litros ao mês e é suprido
pelas importações feitas de São Paulo, além da pequena produção da usina de
Porto Xavier. “Essa importação representa um gasto de R$ 1 bilhão por ano para o
Estado”, observa o especialista.
A Fepagro e a Emater trabalham com o estudo de variedades adaptáveis ao solo e
ao clima gaúchos. A análise está sendo feita nos municípios de Santo Antônio da
Patrulha, São Francisco de Assis, Jaboticaba, Bom Progresso, Jaguari, Maquiné,
Viamão e São Borja. Uma das linhas de pesquisa inclui a avaliação de cultivares
mais resistentes ao frio originárias da Argentina e do Uruguai. “Analisamos,
entre outros aspectos, o potencial produtivo, a adaptação ao solo e ao clima e
a incidência de pragas e doenças”, informa Caetano. Os recursos disponíveis para
o projeto somam R$ 80 mil através da Secretaria do Desenvolvimento e dos
Assuntos Internacionais (Sedai). A verba, no entanto, pode chegar a R$ 305 mil.
A cana ainda é plantada principalmente em zonas consideradas marginais para o
cultivo no Estado, o que ajuda a explicar a baixa produtividade. “É fundamental
evoluirmos na pesquisa da cultura, porque mercado para o álcool não falta”,
salienta o agrônomo da Emater Alencar Rugeri. Ele lembra que o produtor rural
busca estabilidade na atividade, principalmente em momentos de problemas
climáticos. “A cana tem menor suscetibilidade à deficiência hídrica”, diz.
Na segunda-feira (27/03), o governador Germano Rigotto assinou protocolo de
intenções para a instalação de uma usina industrial de produção de álcool,
açúcar e geração de energia. O projeto, em São Luiz Gonzaga, é da empresa
Noroeste Bioenergética. A usina terá capacidade para processar 2 milhões de
toneladas/ano de cana-de-açúcar, com produção de 160 mil metros quadrados de
álcool anidro/hidratado, ou 23 mil toneladas/ano de açúcar, gerando 54 MW de
energia elétrica.
Ontem (28/03), durante reunião da Câmara Setorial da Cana-de-Açúcar, na
Secretaria da Agricultura, o setor defendeu a redução do Imposto sobre a
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para a cana, o melado e o açúcar
mascavo. A proposta da Associação dos Produtores de Cana-de-Açúcar e Derivados
do Rio Grande do Sul (Aprodecana) já foi encaminhada à Secretaria da Fazenda,
e prevê a redução de 80% sobre a taxa atual, de 17%. “A medida pode diminuir a
informalidade entre o setor e apoiar os pequenos produtores, que respondem por
98% da produção gaúcha”, explica o vice-presidente da associação, Antônio
Brito. O Rio Grande do Sul, segundo ele, produz anualmente 10 milhões de litros
de cachaça de alambique. O consumo, entretanto, alcança 40 milhões de litros.
(JC, 29/03/06)