Grã-Bretanha não deve cumprir meta doméstica sobre gás carbônico
2006-03-29
A Grã-Bretanha disse na terça-feira (28/03) que não conseguiria cumprir a meta de cortar as emissões de dióxido de carbono por um quinto até 2010, desferindo um golpe contra as pretensões do primeiro-ministro do país, Tony Blair, de liderar a luta mundial contra as mudanças climáticas. Blair fez do combate ao aquecimento global uma prioridade de seu governo e fixou metas domésticas para cortar as emissões, metas essas mais ambiciosas do que o comprometimento assumido pelo país ao assinar o Protocolo de Kyoto.
O Ministério do Meio Ambiente disse que, segundo uma análise da situação concluída recentemente, o país conseguiria diminuir as emissões entre 15 e 18 por cento em relação aos patamares de 1990, mas que a meta de 20 por cento ainda poderia ser atingida se todos cooperassem."Uma mudança de postura, e as políticas já introduzidas, poderiam reduzir as emissões de carbono em 7 a 12 MtC (milhões de toneladas de carbono) até 2010", disse a ministra britânica do Meio Ambiente, Margaret Beckett, em um comunicado. "Isso poderia levar o governo para perto de sua meta de corte de 20 por cento até 2010", acrescentou. "Acreditamos que podemos atingir a meta de 20 por cento com o apoio de todos os setores da economia e da sociedade."
CHANCE PERDIDA
Grupos ambientalistas afirmaram que a Grã-Bretanha deveria estar no rumo de atingir a meta nove anos depois de tê-la fixada e criticaram o governo por não conseguir manter o país no curso correto. "O governo desperdiçou a oportunidade que tinha de fazer cortes dramáticos no dióxido de carbono", afirmou Tony Juniper, do grupo Amigos da Terra. "Poderíamos facilmente chegar à meta de 20 por cento. Mas, ao invés de promover uma economia realmente verde, o governo criou políticas que encorajam o tráfego de veículos em nossas estradas, incentivam a aviação e alimentam o crescimento de um setor da construção civil inimigo do meio ambiente."
Pelo Protocolo de Kyoto, a Grã-Bretanha precisa, até 2012, cortar suas emissões de gases do efeito estufa -- entre os quais o dióxido de carbono -- por 12,5 por cento em relação aos níveis de 1990. O país deve atingir essa meta apesar da elevação dos níveis de emissão do gás carbônico. A avaliação oficial da situação foi adiada por quase um ano devido a uma desavença entre o Ministério do Meio Ambiente -- que defende grandes cortes nas emissões -- e o Ministério da Indústria e do Comércio -- mais preocupado em preservar a competitividade do país.
A avaliação também abre o período de consultas para a fase dois do Esquema de Mercado de Emissões da União Européia (UEE), que deve começar a vigorar em 2008 -- esse mercado é considerado um dos pontos centrais do combate ao aquecimento da Terra.
(Reuters, 28/03/06)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2006/03/28/ult27u54706.jhtm