Usina de Rosário impulsionará agricultura familiar
2006-03-29
O município de Rosário do Sul será a sede da segunda fábrica de biodiesel no Rio Grande do Sulm segundo informou ontem, em Brasília, o presidente da Brasil Ecodiesel, Nelson Silveira, durante audiência com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto. O reflexo do empreendimento em Rosário dá uma noção do que poderá ser obtido por Cachoeira do Sul a partir da implantação da Grandiesel, usina de biodiesel da Granol.
A Ecodiesel, assim como fez a Granol em Cachoeira, adquiriu uma unidade industrial já existente na cidade, “o que vai acelerar o processo”, disse Silveira. Empolgado com a novidade, Rossetto considerou ser de extrema importância que o Rio Grande do Sul se integre cada vez mais à produção de biodiesel. “É uma ótima notícia para o desenvolvimento da metade sul do estado”, falou.
A nova fábrica receberá um investimento de R$ 20 milhões e terá a capacidade de produzir cerca de 100 milhões de litros/ano do combustível. A intenção é que as obras iniciem nos próximos meses, de modo que a fábrica possa ser inaugurada em novembro. A expectativa do presidente da Brasil Ecodiesel é que o projeto envolva entre 20 mil e 30 mil agricultores familiares na produção e no desenvolvimento da cultura da mamona, que junto com a soja será a oleaginosa utilizada para a fabricação do biodiesel. “Queremos desenvolver na região uma nova cultura que não seja competitiva com outras já existentes, sendo uma fonte de renda auxiliar e segura para os agricultores familiares”, explicou.
O projeto da fábrica, em Rosário do Sul, inclui também a implantação de três centros de assistência técnica, com o objetivo de capacitar os produtores para o desenvolvimento de uma nova cultura, além de servir também para integrar os agricultores ao processo da cadeia do biodiesel. Os municípios que sediarão os centros de assistência técnica ainda não estão decididos. A escolha vai levar em consideração a capacidade de organização e mobilização dos próprios agricultores.
Para incentivar a introdução do biocombustível na matriz energética nacional, o Governo Federal lançou, em dezembro de 2004, o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel. A partir de janeiro deste ano, as refinarias e distribuidoras iniciam em várias partes do país a mistura de 2% de biodiesel ao óleo mineral. A proporção de mistura será compulsória a partir de 2008 e subirá para 5% em 2013, equivalendo a 2,5 bilhões de litros anuais. Em novembro do ano passado, o Governo promoveu o primeiro pregão eletrônico de compra de biodiesel, com o objetivo de incentivar as parcerias entre as empresas habilitadas e os agricultores familiares e estimular a produção do novo combustível.
Além de ser um combustível renovável e que emite um teor menor de enxofre na atmosfera, o biodiesel representa uma nova alternativa de geração de emprego e renda para milhares de agricultores familiares, que vão produzir as oleaginosas (mamona, dendê, girassol, soja, pinhão-manso, etc) utilizadas pelas indústrias processa-doras.
Na safra 2005/2006, os agricultores familiares que desejam participar da cadeia produtiva do biodiesel têm à disposição uma linha de crédito adicional do Pronaf para o cultivo de oleaginosas. Com isso, o produtor tem uma possibilidade a mais de gerar renda, sem deixar a atividade principal de plantio de alimentos. O limite de crédito e as condições do financiamento seguem as mesmas regras do grupo do Pronaf em que o agricultor estiver enquadrado.
(Jornal do Povo, 29/03/06)