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2006-03-29
Soldados do Exército Brasileiro desembarcaram em Ariquemes, na segunda-feira (27) para dar início a uma operação de combate ao comércio ilegal de madeiras. Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), Governo de Rondônia e Polícia Rodoviária Federal também fazem parte do efetivo que fiscalizará os municípios da região do Vale do Jamari, de onde sai a maior parte da madeira ilegal do Estado.

O efetivo do Exército na região é de 30 homens, armados e devidamente equipados para recolher toda a madeira ilegal que for encontrada nos pátios das serrarias – caminhões e tratores do exército farão a remoção das cargas. “Estamos apenas trabalhando em apoio ao Ibama, através de uma determinação do Ministério da Defesa, que foi acionado pelo Ministério do Meio Ambiente”, revelou o comandante da operação, tenente Suffi.

Com a chegada do Exército no Estado, agrava a Crise da Madeira, que gera prejuízos econômicos. Dados da Associação dos Extratores de Toras e Indústrias Madeireiras de Rondônia (Aetimer) revelam que já passam de 4mil o número de desempregados. Os madeireiros alegam que não podem trabalhar porque a fiscalização é rígida e eles correm o risco de perder a carga e o caminhão.

“Não podemos permitir que áreas de preservação florestal como as Florestas do Bom Futuro e Jamari continuem sendo destruídas, sem que façamos nada”, explica o chefe de fiscalização do Ibama em Rondônia, George Porto Ferreira.

Prisão - George Porto revelou ao Diário que uma estrada clandestina foi encontrada na Floresta Nacional do Jamari, o que acabou resultado na prisão de 10 supostos garimpeiros. “É através de estradas clandestinas como essa que a madeira de Rondônia vai sendo retirada ilegalmente”, revela.

Somente em 2005, o Ibama apreendeu 17 mil metros cúbicos de madeira, o equivalente a uma pequena floresta. Não há contabilizado a área destruída pela extração ilegal em 2005, mas acredita-se que seja um número pelo menos sete vezes superior ao que foi apreendido no mesmo período.

Operação - A primeira cidade a receber os soldados do Exército foi Alto Paraíso, que fica a 250 quilômetros de Porto Velho, e muito perto da Floresta Nacional do Bom Futuro. Neste município, os donos de serraria montaram tática para escapar da fiscalização – ao invés da madeira ilegal entrar no pátio da serraria, ela fica jogada nas estradas. “Quando chegam os fiscais do Ibama, os madeireiros alegam que as árvores não lhes pertencem, o que impossibilita lavrar auto de flagrante”, explica o chefe do escritório regional do Ibama em Ariquemes, Evandro Haggemann.

Com caminhões e tratores, todo o carregamento de madeira sem identificação ou de procedência duvidosa foi retirado pelo Exército. Essa operação deverá se repetir em outros municípios.

A ação do Ibama e Exército aumentou a revolta dos toreiros da região, que prometem fazer barulho para chamar a atenção das autoridades políticas. “Vamos fechar a BR-364 novamente, para chamar a atenção para o nosso problema. Não queremos trabalhar como bandidos, mas queremos que o Ibama e o Incra liberem a documentação necessária para que possamos trabalhar sem causar prejuízos ao meio ambiente”, revela um madeireiro que prefere não ser identificado.
(Dário da Amazônia, 28/03/06)

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