O Irã propôs criar em seu território um centro internacional de enriquecimento de urânio para centrais nucleares, do qual a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) possa participar, segundo anunciou na terça-feira (28/03) em comunicado a Embaixada iraniana em Moscou. "O Irã aplaudiria a criação em seu território de um centro internacional de abastecimento de combustível nuclear, com participação de outros países e no âmbito de um consórcio multinacional", acrescenta a nota.

Essa iniciativa mistura duas propostas da Rússia: uma, feita ao Irã, de enriquecimento de urânio para suas usinas atômicas em uma empresa mista situada em território russo, e outra, apresentada à comunidade internacional, de criar centros multinacionais de produção de combustível atômico sob controle da AIEA para evitar a proliferação de materiais físseis. "Essa solução ofereceria à AIEA uma possibilidade única para realizar seus projetos no âmbito do combustível atômico, e seria bom se a agência aproveitasse tal oportunidade", segundo a nota oficial da missão diplomática iraniana, divulgada pela agência russa "Interfax".

O documento explica que "a desconfiança do Irã em relação a outros países tem um fundamento histórico real, portanto, Teerã não pode permitir-se depender dos fornecedores internacionais na hora de assegurar suas necessidades (de combustível atômico)". Teerã alertou que uma eventual decisão do Conselho de Segurança da ONU de adotar sanções com base no dossiê nuclear do Irã "apenas conduziria a uma escalada da tensão, cujas conseqüências negativas seriam desfavoráveis para todos". "Esta é a base de entendimento a partir da qual deve-se empreender o máximo de esforço para resolver o problema por meio de negociações", indica o comunicado da legação iraniana.

O vice-primeiro-ministro e titular de Defesa russo, Serguei Ivanov, confirmou que a proposta de Moscou a Teerã "continua na mesa de negociações", ainda pendente de uma resposta iraniana. "A situação em relação ao Irã é complicada. Nossa oferta de enriquecimento de urânio em território russo continua na mesa de negociações, embora esteja vinculada a outras medidas e requeira uma solução dentro da AIEA", assinalou Ivanov.
(EFE, 28/03/06)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2006/03/28/ult1808u61667.jhtm