Agricultores e ambientalistas protestam durante reunião ministerial em Curitiba
2006-03-29
Com gritos de protesto contra a OMC - Organização Mundial do Comércio, o agronegócio, o latifúndio, os trangênicos e os agrotóxicos, cerca de 7 mil agricultores dos países do chamado Cone Sul, representantes de movimentos ambientalistas e cientistas, liderados pela Via Campesina, percorreram a cidade em passeata até o Estação Embratel Convention Center, onde se realiza o segmento ministerial de alto nível da COP8 - 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica.
O prédio foi cercado por policiais, que impediram o acesso dos manifestantes. Lá dentro, mais de cem ministros de todos os continentes discutiam, entre outras questões, o tema Biodiversidade e Comércio com o diretor-geral substituto da Organização Mundial do Comércio, Harsha Vardhana Singh, e o secretário-geral da Unctad - Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento, Supachai Panitchpakdi.
"Estamos aqui para levantar nossa voz e dizer que a Via Campesina, os agricultores e o povo brasileiro queremos que a natureza seja preservada e, ao mesmo tempo, produza alimentos saudáveis para o nosso povo", afirmou João Pedro Stédile, da coodenação nacional do MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. E completou: "As multinacionais não querem produzir alimentos saudáveis, querem produzir lucro para exportar – pouco importa se usam agrotóxico, se usam sementes transgênicas se destroem o meio ambiente. É esse o confronto posto nesta conferência".
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, presidente da COP8, desceu para conversar com os agricultores e agradeceu a participação ativa e a vigilância da sociedade brasileira: "Obrigada aos movimentos, à comunidade científica, às organizações não-governamentais e a todos aqueles que estão aqui para nos dizer que querem desenvolvimento, querem agricultura, querem comércio, mas em base sustentável do ponto de vista econômico, do ponto de vista de nossa diversidade cultural e, principalmente, do ponto de vista ético".
De acordo com a ministra, as negociações têm avançado graças à contribuição da sociedade civil. Como exemplo, citou a posição brasileira na MOP3, em defesa da rotulagem detalhada de produtos transgênicos para exportação, e a decisão brasileira de manter a moratória às sementes estéreis. "A contribuição e o olhar da sociedade para o que estamos fazendo ajudam a compreender as legítimas preocupações da população no mundo todo", reiterou.
Segundo Stédile, agricultores e ambientalistas estão mobilizados exatamente para evitar retrocessos nesses temas: "Nessa semana, os pré-acordos da semana passada podem ser referenciados pelos ministros ou ser derrubados. Nossa preocupação é de nos mantermos em vigília para que os ministros honrem os acordos".
(Agência Brasil, 28/03/06)