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2006-03-28
Uma coalização das mais influentes organizações ambientalistas do mundo – entre elas a Conservação Internacional (CI), The Nature Conservancy (TNC) e WWF – quer que a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) adote a partir da sua 8ª Conferência das Partes (COP8) um instrumento, simples, viável e único de avaliação da implementação de áreas protegidas entre os países signatários.

A falta de uma matriz que ajude a avaliar a ação dos governos na implementação das metas estabelecidas até 2010 (para terras protegidas) e até 2012 (para regiões marinhas) impede que se tenha uma noção objetiva do que as partes estão fazendo (ou não) para conservar a biodiversidade ameaçada, na opinião das organizações.

Os ambientalistas vão propor que o governo brasileiro apresente uma recomendação ao secretariado executivo da CDB para que as iniciativas de instituições não-governamentais de vários países e institutos de pesquisa que já trabalham com o monitoramento de biodiversidade sejam usados como protocolos para acompanhar a evolução do cumprimento das metas relativas às áreas protegidas.

“É preciso que haja uma matriz muito objetiva e que possa ser usada em todos os países”, defende Ricardo Machado, da Conservação Internacional. Para Cláudio Carrera Moretti, do WWF, essa matriz de avaliação tornará muito mais claros os esforços que estamos implementado junto com o governo brasileiro para reverter a acelerada perda de biodiversidade.

Os ambientalistas acreditam que só um programa muito bem focado no monitoramento da conservação de espécies ameaçadas e ecossistemas únicos fará com que as metas sejam atingidas. “É preciso acompanhar com que velocidade as metas estão sendo atingidas”, recomenda Ricardo Machado.

Ele cita o caso do Brasil, onde foram criadas nos últimos anos cerca de 12 milhões de hectares de áreas protegidas. Todavia, essas áreas estão quase que totalmente localizadas no bioma amazônico. “O critério que determinou a criação dessas áreas pode não ter levado em conta a prioridade de conservação de espécies ou ecossistemas criticamente ameaçados, o que seria desejável em termos de conservação e cumpriria as metas fixadas na COP7, em Kuala Lumpur, na Malásia”, diz.

Machado lembra que no Cerrado e na Caatinga surgiram iniciativas muito tímidas em relação às áreas protegidas e esses dois biomas se encontram em situação muito mais crítica do que a Amazônia.

Dever de casa A apenas quatro anos do prazo estabelecido para as metas globais de 2010/2012, somente quinze dos 200 paises que firmaram o documento têm condições de apresentar resultado satisfatório, de acordo com a CDB: Dinamarca, Reino Unido, Tailândia, Indonésia, Hungria, Estônia, Dinamarca, China, Canadá, Bélgica, Bangladesh e Austrália.

“Boa parte dos países alega não ter recursos financeiros para implementar as áreas protegidas, mas isso são significa que eles não possam ao menos prestar contas do que estão fazendo ou deixando de fazer pela conservação das áreas protegidas”, diz o indiano Ashish Kothari Kapavriksh, do Greenpeace. Se o dinheiro para implementar as áreas é um empecilho geral, que pelos menos haja um modelo comum para avaliar as ações dos países em particular, defende o ambientalista.
Por Jaime Gesisky, Assessoria de Imprensa COP8/MOP3

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